O mercado de arrendamento não vai ficar alheio a esta tendência de descida de preços no setor imobiliário. Também este segmento tem atingido preços recorde – os últimos dados do INE apontam para uma subida de 10,8% no valor das rendas para uma média nacional de 5,32 euros por metro quadrado, mas houve 39 municípios que superaram esse valor, com Lisboa a liderar este ranking, cujo preço por metro quadrado chegou a atingir os 11,96 euros – mas o cenário pode mudar com o aumento da oferta.
E grande parte, deste aumento da oferta deve-se à colocação de imóveis até aqui afetos ao alojamento local para contratos de arrendamento de longa duração. Uma tendência que, de acordo com os responsáveis do setor contactados pelo i, já se começou a verificar desde o final do ano passado.
O presidente da APEMIP lembra que, o turismo levará algum tempo a recuperar desta pandemia e, como tal, “a quebra na procura turística irá sentir-se decerto neste negócio e é possível que alguns proprietários optem por recolocar estes imóveis no arrendamento habitacional, para continuarem a obter um rendimento fixo, que permita cobrir o investimento feito”.
Uma opinião partilhada pela CBRE. “É possível que os proprietários de imóveis destinados ao arrendamento de curta duração façam a conversão para produto de arrendamento de longa duração para mitigar as perdas causadas pelo surto da covid-19 e consequente quebra imediata do turismo”, refere ao i, Francisco Horta e Costa, managing director da consultora. E vai mais longe: “Uma vez que um imóvel é alugado num formato de longa duração, à partida a colocação como produto de arrendamento de curta duração novamente não será rápida até pelos formalismos contratuais”.
Mas as razões não ficam por aqui. O CEO da Century 21 lembra que essa redução de valores será a “tendência necessária e inevitável, como consequência do rendimento disponível dos portugueses que têm que optar por esta alternativa de habitação”.
Menos otimista em relação a uma eventual descida de preços está a Remax. Apesar de admitir que os valores do arrendamento sempre acompanharam a flutuação dos preços de compra e venda, neste caso considera que “não é expectável que aconteça na mesma proporção”. E dá uma explicação: “Estão a ser criadas uma série de incentivos governamentais para as famílias e as empresas, assim como para toda a banca. Temos a nossa banca estável e disposta a continuar a ajudar os portugueses na compra e venda de imóveis pelo que o arrendamento, sendo sempre uma possibilidade, não será seguramente a primeira opção dos compradores”, refere ao i.