Mortes por overdose aumentaram 29%

Mortes por overdose aumentaram 29%


Dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências revelam que Portugal tem sido um país de trânsito do tráfico internacional. 


Overdoses de opiáceos, cocaína e metadona mataram, no ano passado, 49 pessoas. O número representa um aumento de 29% face ao ano anterior, período em que tinham morrido 38 pessoas pelo mesmo motivo.

Os dados são do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) e revelam ainda que este é o valor mais alto dos últimos cinco anos. Os relatórios revelam também que na grande maioria dos casos de overdose (92%) foram detetadas mais do que uma substância. Ou seja, em associação com as drogas ilícitas estão o álcool (45%) e as benzodiazepinas (20%). No total foram registados 307 óbitos com a presença de substâncias ilícitas ou seus metabolitos.

As outras mortes relacionadas com a droga (258) estão distribuídas por causas: morte natural (42%), acidentes (38%), suicídio (14%) e homicídio (3%).

Mas no que diz respeito à presença de álcool, os números também não são animadores: dos 1087 óbitos positivos para o álcool e com informação sobre a causa de morte, 37% foram atribuídos a acidente, 37% a morte natural, 13% a suicídio e 5% a intoxicação alcoólica, revela o relatório, que acrescenta ainda o aumento de mortes por intoxicação alcoólica face ao ano anterior (+34%).

Foi ainda registado um aumento de acidentes de viação ligados ao consumo de álcool: 172.

No que à oferta diz respeito, existem vários fatores, como a internet, que levaram a um aumento, e há indicadores que apontam para “uma maior circulação de drogas no mercado nacional numa conjuntura de grandes desafios, como o crescente uso da internet na comercialização de diversas substâncias psicoativas e as alterações recentes no papel do país nas rotas do tráfico internacional”.

O coordenador nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do Álcool, João Goulão, diz, no sumário do relatório, que as tendências “evidenciam a necessidade de respostas céleres e de priorizar as intervenções com impacto efetivo nos ganhos em saúde destas populações”.

Rotas Segundo os relatórios apresentados, existe “um aumento relevante” no que diz respeito à “utilização de Portugal em rotas de cocaína com destino fora da Europa” durante o ano passado. Mas não só: “É também de assinalar que, em 2018, todo o haxixe apreendido oriundo de Marrocos se destinava a Portugal e a maioria do confiscado com origem em Portugal se destinava a países europeus”, revela o SICAD, que garante ainda que Portugal “tem vindo a ganhar relevância” no que diz respeito ao tráfico de heroína de países de África para a Europa.

E há ainda no nosso país uma nova tendência de trânsito “de consideráveis quantidades de ecstasy proveniente da Europa central com destino ao Brasil”.