O potencial de Sines


Para lá do porto de Sines e das indústrias ali estabelecidas, todo o parque tem espaço e valências que, devidamente conjugadas e estrategicamente pensadas, poderão tornar Sines um importante cluster de desenvolvimento


Na semana passada tive a oportunidade de visitar o Parque Industrial de Sines e conhecer um pouco mais de perto a realidade daquele monstruoso complexo. Sines agrega um conjunto de potencialidades que, se corretamente exploradas, podem ajudar, e muito, o desenvolvimento da nossa economia.

Para lá do porto e das indústrias ali estabelecidas, todo o parque tem espaço e valências que, devidamente conjugadas e estrategicamente pensadas, poderão tornar Sines num importante cluster de desenvolvimento. Em concreto, a Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), que é apenas a maior área de implantação de unidades industriais e logísticas de toda a Península Ibérica. São mais de 2 mil hectares que, embora contando já com grandes empresas nacionais e estrangeiras, continuam a parecer um deserto.

Agregado a todo o espaço para implantação de indústria e logística, a ZILS conta com diversos centros de negócios que complementam a oferta de espaço com a disponibilização de escritórios e salas de reuniões e de conferência.

O que falta para preencher todo este vazio? Como podemos efetivar o potencial concentrado naquela região? Com duas coisas óbvias: estratégia e infraestruturas! 

Comecemos pela estratégia: a entidade gestora da ZILS, a AICEP Global Parques, tem feito o que pode, ou melhor, tem feito muito mais do que pode. Modernizou-se, estabeleceu uma estratégia de atração de novos clientes e tem-se multiplicado em contactos e ações que atraiam novos clientes.

O problema é que a estratégia não pode ser apenas vertical. Tem de ser horizontal, tem de ser definida a nível central e incluir outras entidades, por forma a criar mais valor de oferta e ganhar escala.

Contornado este problema, deparamo-nos com o problema das infraestruturas. Sines parou no tempo, apresenta deficientes redes de telecomunicações, ao que acrescem más ligações férreas, viárias e ligação aérea inexistente. “Olha-me este megalómano!”, poderão dizer. “Agora quer um aeroporto em Sines!” A resposta é sim e não precisa de ser um grande aeroporto. Precisa apenas de condições que permitam a entrada e saída de pequenos voos particulares e comerciais.

Se queremos que Sines exponencie o seu potencial, estas quatro infraestruturas de comunicação devem estar asseguradas.

Não sendo especialista nas áreas viárias, férreas ou aéreas, posso, no entanto, opinar na vertente de telecomunicações. Desde logo, nos dias de hoje, não há indústria ou serviços que se estabeleçam em qualquer lugar se não tiverem boas infraestruturas de telecomunicações. A indústria, porque necessita das mesmas para o desenvolvimento tecnológico das suas atividades que lhe permitem ganhar competitividade (através do M2M, IoT, etc.). Os serviços, porque rapidez, latência e fiabilidade nas comunicações são pilares para o sucesso.

O curioso é que temos um pássaro na mão para garantir, com sucesso, que este requisito seja assegurado a curto prazo. Está contratualizado, e irá amarrar em Sines em 2020, um importante cabo submarino, de um operador neutro, que ligará o Brasil a Portugal – uma verdadeira autoestrada de dados que vão ter muita procura e atrair muitas empresas.

Este facto, por si só, não garante nada, mas devidamente pensado e com a devida coordenação pode ser a chave para garantir a atração de grandes players internacionais. Se a este projeto agregarmos um projeto piloto de 5G, para além de beneficiar as empresas já aí sediadas, ele servirá de chamariz para muitas outras de forte valor tecnológico. Seria muito importante e urgente haver uma decisão neste sentido, até porque, aqui ao lado, Espanha já anunciou 15 projetos piloto de 5G.

E, aqui, não vale mais ter um pássaro na mão do que dois a voar! Há que agarrar os dois!

Escreve à quinta-feira

O potencial de Sines


Para lá do porto de Sines e das indústrias ali estabelecidas, todo o parque tem espaço e valências que, devidamente conjugadas e estrategicamente pensadas, poderão tornar Sines um importante cluster de desenvolvimento


Na semana passada tive a oportunidade de visitar o Parque Industrial de Sines e conhecer um pouco mais de perto a realidade daquele monstruoso complexo. Sines agrega um conjunto de potencialidades que, se corretamente exploradas, podem ajudar, e muito, o desenvolvimento da nossa economia.

Para lá do porto e das indústrias ali estabelecidas, todo o parque tem espaço e valências que, devidamente conjugadas e estrategicamente pensadas, poderão tornar Sines num importante cluster de desenvolvimento. Em concreto, a Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), que é apenas a maior área de implantação de unidades industriais e logísticas de toda a Península Ibérica. São mais de 2 mil hectares que, embora contando já com grandes empresas nacionais e estrangeiras, continuam a parecer um deserto.

Agregado a todo o espaço para implantação de indústria e logística, a ZILS conta com diversos centros de negócios que complementam a oferta de espaço com a disponibilização de escritórios e salas de reuniões e de conferência.

O que falta para preencher todo este vazio? Como podemos efetivar o potencial concentrado naquela região? Com duas coisas óbvias: estratégia e infraestruturas! 

Comecemos pela estratégia: a entidade gestora da ZILS, a AICEP Global Parques, tem feito o que pode, ou melhor, tem feito muito mais do que pode. Modernizou-se, estabeleceu uma estratégia de atração de novos clientes e tem-se multiplicado em contactos e ações que atraiam novos clientes.

O problema é que a estratégia não pode ser apenas vertical. Tem de ser horizontal, tem de ser definida a nível central e incluir outras entidades, por forma a criar mais valor de oferta e ganhar escala.

Contornado este problema, deparamo-nos com o problema das infraestruturas. Sines parou no tempo, apresenta deficientes redes de telecomunicações, ao que acrescem más ligações férreas, viárias e ligação aérea inexistente. “Olha-me este megalómano!”, poderão dizer. “Agora quer um aeroporto em Sines!” A resposta é sim e não precisa de ser um grande aeroporto. Precisa apenas de condições que permitam a entrada e saída de pequenos voos particulares e comerciais.

Se queremos que Sines exponencie o seu potencial, estas quatro infraestruturas de comunicação devem estar asseguradas.

Não sendo especialista nas áreas viárias, férreas ou aéreas, posso, no entanto, opinar na vertente de telecomunicações. Desde logo, nos dias de hoje, não há indústria ou serviços que se estabeleçam em qualquer lugar se não tiverem boas infraestruturas de telecomunicações. A indústria, porque necessita das mesmas para o desenvolvimento tecnológico das suas atividades que lhe permitem ganhar competitividade (através do M2M, IoT, etc.). Os serviços, porque rapidez, latência e fiabilidade nas comunicações são pilares para o sucesso.

O curioso é que temos um pássaro na mão para garantir, com sucesso, que este requisito seja assegurado a curto prazo. Está contratualizado, e irá amarrar em Sines em 2020, um importante cabo submarino, de um operador neutro, que ligará o Brasil a Portugal – uma verdadeira autoestrada de dados que vão ter muita procura e atrair muitas empresas.

Este facto, por si só, não garante nada, mas devidamente pensado e com a devida coordenação pode ser a chave para garantir a atração de grandes players internacionais. Se a este projeto agregarmos um projeto piloto de 5G, para além de beneficiar as empresas já aí sediadas, ele servirá de chamariz para muitas outras de forte valor tecnológico. Seria muito importante e urgente haver uma decisão neste sentido, até porque, aqui ao lado, Espanha já anunciou 15 projetos piloto de 5G.

E, aqui, não vale mais ter um pássaro na mão do que dois a voar! Há que agarrar os dois!

Escreve à quinta-feira