Motoristas parados. O país pode ficar na reserva

Motoristas parados. O país pode ficar na reserva


A última greve dos motoristas parou parcialmente o país. No próximo dia 12, a greve regressa e, desta vez, os motoristas de mercadorias também se juntaram à paralisação. Supermercados podem ficar sem carne, peixe, frutas e legumes, restaurantes sem refeições, postos de abastecimento sem combustível e hotéis com reservas canceladas.


Supermercados – Sem serviços mínimos nem plano de contingência

Para os supermercados não há serviços mínimos garantidos e, tal como o i avançou na edição de ontem, os sindicatos avisaram que produtos como carne, peixe, legumes e fruta podem esgotar logo no primeiro dia, já que o abastecimento tem de ser feito diariamente. Os supermercados já estão a tentar encontrar formas de contornar o problema e, apesar de ainda não existir um plano de contingência definido, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas e Distribuição (APED), garantiu que estão “a trabalhar com o Governo e com a ANTRAM e a apelar ao bom senso”. “Como temos uma característica muito especifica na distribuição alimentar e no retalho especializado, naturalmente que somos bastante impactados”, referiu.

Exportação – Autoeuropa diz ter situação controlada

Quando se fala em exportações, os olhos viram-se para a Autoeuropa, a fábrica do grupo Volkswagen. O i avançou ontem que, confrontado com a possibilidade de uma greve já no próximo mês de agosto, João Delgado, diretor de comunicação da Autoeuropa, garantiu que a situação está controlada: “Já na altura tínhamos, e ainda temos, um plano de contingência que desenvolvemos para fazer face a esta situação”. “Esperamos que não seja posto em marcha – seria sinal de que a greve não tinha ido para a frente – mas o nosso plano de contingência permite mitigar o efeito da possível greve”. Sobre o plano, João Delgado disse que “tem essencialmente a ver com a garantia de que existem abastecimentos necessários para que a operação não seja afetada”.

Restauração – Carne e peixe podem não chegar aos pratos

É certo que todos os restaurantes precisam de comprar produtos frescos todos os dias – carne, peixe, legumes e fruta, por exemplo. A acontecer, a greve não prevê serviços mínimos para os supermercados e, portanto, os restaurantes serão também prejudicados pela paralisação dos motoristas no próximo dia 12 de agosto. Contactada pelo i, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) não quis, para já, fazer comentários, mas não estão alheios ao tema. Na última greve, supermercados e restauração não foram diretamente afetados, uma vez que foram apenas os motoristas de matérias perigosas a realizar a greve. Agora, o cenário é diferente e os motoristas de mercadorias juntaram-se aos protestos.

Gasolineiras – Postos na reserva

As memórias da primeira greve, dos motoristas de matérias perigosas, ficaram marcadas pelas filas de quilómetros nos postos de abastecimento por todo o país. Houve quem esperasse horas e não tivesse conseguido abastecer o carro, ou quem fosse durante a noite tentar a sua sorte. A nível nacional, foram cerca de 900 os postos de abastecimento que ficaram sem qualquer tipo de combustível. Na altura, o Governo decretou serviços mínimos de 40% apenas para Lisboa e Porto, mas desta vez só estão garantidos 25% de serviços mínimos a nível nacional. Espera-se que a corrida aos combustíveis comece antes do dia 12, já que a maior parte dos portugueses está de férias – um período em que se fazem mais quilómetros nas estradas.

Turismo – Hostéis preocupados com desistências

A greve vai acontecer em plena época de férias dos portugueses e o Algarve é a zona que acolhe mais turistas. O sul do país recebe cerca de 900 mil pessoas e a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) já mostrou preocupação, já que os turistas dependem sobretudo da restauração e dos hotéis. Ao i, Elidérico Viegas, presidente da AHETA, lembra que, durante a greve de abril, o Algarve “quase ficou em rutura”. “Não se esperam quebras na procura, mas se a greve se confirmar e se os serviços mínimos não estiverem garantidos é obvio que as pessoas que estão para vir não virão”, explica. A propósito da greve de abril, a AHETA fez chegar ao Governo as suas preocupações, “designadamente em relação aos serviços mínimos”.

Aeroportos – Lisboa e Faro não estão a salvo

Para os aeroportos, os serviços mínimos fixam-se nos 25%, mas ainda se espera um plano de contingência do Governo para este setor. Em abril, o caos instalou-se e as reservas de emergência de combustível foram atingidas nos aeroportos de Faro e Lisboa. O aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, foi obrigado a cancelar um voo e outro avião parou em Espanha para abastecer. Na altura, o Governo usou os militares para resolver o problema e dezenas de camiões-cisterna abasteceram os aeroportos de Lisboa e Faro. Em relação ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, não houve problemas, já que, além de ter um reservatório, o abastecimento é feito de outra forma: através de um oleoduto.