O PSD considera que o “Governo está claramente em campanha eleitoral”. A reação surgiu na sequência das declarações prestadas pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, este sábado, ao Público sobre a ligação entre as duas maiores cidades do país. Pedro Nuno Santos afirmou que tinha como “prioridade” construir uma “grande área metropolitana entre Porto e Lisboa”. Para tal, o governante propõe a criação de “uma ligação” entre a capital e a Invicta “com uma velocidade entre os 250 e os 300 km/hora” que se traduzisse numa viagem de cerca de uma hora.
“Depois de deixar degradar os serviços públicos, destacando-se a quase destruição da ferrovia, anda agora a prometer tudo e mais um par de botas”, afirmou ao i a direção do grupo parlamentar dos sociais-democratas, acrescentando confiar que “os portugueses já perceberam como o PS governa”.
Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, também questionou a ideia de Pedro Nuno Santos, considerando, em declarações ao i, que “em termos de prioridade ferroviária, ainda há muito por fazer” antes de se modernizar a ligação entre Lisboa e Porto. Apesar de concordar que existem problemas com a referida linha, o presidente do município aponta que há situações a resolver primeiro na “Linha do Minho, na ligação do Porto até à Corunha, e, no que diz respeito ao transporte de mercadorias, nas ligações entre Aveiro e Salamanca ou ainda noutras que unem o interior do país a Espanha”.
Ricardo Rio recorda que há várias zonas no país nas quais a ferrovia ainda não é uma alternativa credível, quando já o deveria ser.
“Por exemplo, a ligação Porto-Vigo era uma aposta muito importante porque se trata de uma zona que, no que diz respeito à mobilidade de residentes e turistas, tem um potencial de crescimento enorme, e a oferta que existe hoje não corresponde à procura”, explicou ainda ao i o autarca.
‘Não faz mal sonhar’ Pedro Nuno Santos argumentou na entrevista de sábado que “no dia em que a viagem entre Lisboa e o Porto” puder ser feita “em pouco mais de uma hora”, o país irá mudar a forma como se organiza e, consequentemente, como a economia se articula. “Não nos faz mal nenhum podermos sonhar”, acrescentou o ministro.
Mas esta não é a primeira vez que Pedro Nuno Santos fala em reformar esta ligação ferroviária. Em abril, o governante defendeu ligar Lisboa e Porto de comboio em duas horas até ao final de 2020, durante uma audição parlamentar sobre o Programa Nacional de Investimentos para 2030, na qual declarou que a ferrovia se mantinha como a grande prioridade do Governo para a próxima década.
“Já é tremendo se o país conseguir isso. Estamos a falar de outro país, da forma como trabalhamos e como as empresas se podem relacionar. É uma mudança radical na forma como o país se organiza e pensa”, disse Pedro Nuno Santos na altura, lembrando ainda que apesar de ter passado “a ser tabu falar de alta velocidade”, era possível falar em linhas onde os comboios pudessem “circular a 300 km/hora”.
No final de dezembro, o então ministro das Infraestruturas e Planeamento, Pedro Marques, já tinha anunciado a mesma proposta. O socialista disse na altura que seria um investimento de mais de 1,5 milhões de euros. “Estamos a falar da quadruplicação de vários troços da Linha Porto-Lisboa. […] Vai ser um aumento de competitividade brutal”, referiu o agora eurodeputado.