Numa cidade onde os turistas são cada vez mais, cresce também o número de furtos de carteiras, sobretudo em zonas onde pouco se ouve a língua portuguesa.
Ontem, o Ministério Público acusou oito mulheres pelos crimes de furto qualificado, burla informática e falsificação de documentos entre setembro e dezembro de 2018, em Lisboa. O grupo, de nacionalidade estrangeira, dedicava-se a roubar carteiras para depois utilizar os cartões de crédito em compras de roupa e joalharia. Uma das mulheres, considerada a líder, estava em prisão preventiva desde o final do ano passado por perigo de fuga e de continuar a atividade criminosa.
Lisboa continua a ser a cidade favorita dos carteiristas. Aliás, de acordo com dados fornecidos ao i no final do ano passado pela PSP, a cidade do Porto representava apenas 10% do total de furtos por carteirista.
As freguesias de Santa Maria Maior, Misericórdia, Santo António e São Vicente – todas na zona da Baixa – estão no topo da lista dos locais onde ocorrem mais furtos por carteirista e onde foram detidas mais pessoas.
Desde o início de 2018 até ao mês de abril deste ano foram detidos pela PSP 358 carteiristas na capital – 85 este ano e 273 no ano passado, de acordo com os dados revelados pelo Correio da Manhã.
Perfil do carteirista A maioria são homens com idades entre os 20 e os 69 anos. No caso das mulheres verifica-se uma ligeira prevalência na faixa etária entre os 20 e os 29 anos, disse a PSP ao i.
Em Portugal, os carteiristas preferem a via pública, edifícios e, só depois, os transportes públicos – este é o perfil geral traçado pela PSP ao i. Além disso, carteiras – e respetiva documentação –, dinheiro, telemóveis, câmaras fotográficas e óculos de sol são os objetos mais cobiçados.
Carteiristas escolhem bem os locais Este tipo de crime pode ser considerado furto simples ou furto qualificado, dependendo da ação dos suspeitos. O furto é considerado simples quando o assaltante atua na rua e, nestes casos, a pena pode ir até três anos de prisão. No entanto, o crime é considerado qualificado se o carteirista atuar dentro de edifícios ou transportes públicos – aí, a pena sobe até aos cinco anos de prisão. Esta explicação poderá justificar o facto de, agora, os carteiristas preferirem atuar nas ruas em vez de recorrerem aos transportes públicos, como acontecia antes.
Além disso, o turismo é um fator de risco, confirmado pelo facto de os dados registados no interior do país não serem relevantes. Aliás, sabendo que os locais favoritos dos carteiristas são os de grande concentração de estrangeiros, a GNR está na rua até sexta-feira a dar conselhos aos turistas.”Usar roupa que tenha bolsos interiores com fecho, de forma a dificultar o furto por carteiristas” é uma das indicações dadas pela GNR “para prevenir os potenciais riscos e perigos da criminalidade associada ao turismo”.
A propósito das festas de Lisboa e a pensar no arraial de hoje à noite, a PSP já lançou os alertas: “Os arraiais muito apertados são locais onde as carteiras, telemóveis e outros objetos mais facilmente se desencaminham”. “Aconselhamos que leve dinheiro, a carta de condução e o cartão de cidadão nos bolsos da frente e deixe a carteira e mala em casa”, refere a PSP.
Para ajudar a identificar os ladrões há até uma página no Facebook chamada “Carteiristas Lisboa”, onde são colocadas fotografias e alertas para as movimentações dos suspeitos.