Berço montado, roupinhas prontas, mala feita, câmaras a postos, jornalistas ansiosos, um povo inteiro à espera. Está tudo a postos para a chegada do novo bebé real. O filho (ou filha, ninguém sabe o sexo do bebé. Nem mesmo os pais) pode nascer a qualquer momento – existe a possibilidade de, no momento em que lê este artigo, as ruas de Londres já estarem cheias de pessoas a empurrarem-se para verem em primeira mão a cara do novo membro da família real britânica – e resta saber onde, já que Meghan Markle queria ter a criança em casa. Um cenário pouco provável face aos protocolos impostos pela Casa Real…
Certo é que este não será um bebé como os outros – além do sangue azul, esta criança irá carregar às costas o peso de um marco histórico.
Segundo a biógrafa real Claudia Joseph, o filho de Meghan e Harry será a primeira pessoa mulata a ocupar uma posição tão alta na história da monarquia britânica – o filho dos duques de Sussex será o sétimo na linha de sucessão ao trono.
A biógrafa defende que o nascimento desta criança tem ainda mais importância que o casamento de Harry com a atriz norte-americana.
“O nascimento deste bebé terá um significado muito importante em termos históricos, pois irá dar início a uma nova fase [naquela monarquia]”, disse Claudia Joseph à agência Reuters. “Seja um rapaz ou uma rapariga, será o primeiro bebé afro-americano da família real”, acrescentou.
Mas nem todos são tão otimistas: Kehinde Andrews, professor de sociologia da Universidade de Birmingham, duvida que o nascimento do bebé ajude a esbater as diferenças raciais existentes no Reino Unido. “Como o racismo está tão entranhado, tendemos a encarar pequenos acontecimentos positivos com demasiado entusiasmo: a eleição de Barack Obama, a reação do público ao filme Black Panther. Mas acho que quando paramos para analisar o que se passou e o que mudou com isso, percebemos que estas coisas não são nada, não significam nada”.
Uma nova vida em África Mas Harry e Meghan podem estar a preparar algo que pode, de facto, ter um impacto na forma como a família real britânica lida com a sociedade e na ajuda que poderá dar ao desenvolvimentos de certas comunidades. O Sunday Times avançou na semana passada que os duques de Sussex estão a planear ir viver para o continente africano após o nascimento do primeiro filho. Segundo o jornal britânico, esta é uma decisão tomada em conjunto com a corte inglesa – o Sunday Times avança mesmo que a ideia veio de Sir David Manning, antigo embaixador do Reino Unido nos EUA e conselheiro de Harry e William no que diz respeito a assunto constitucionais e internacionais. Outras figuras com influência na família real, como o secretário privado da Rainha Isabel II e responsável pelo fundo fiduciário da monarca, também estiveram envolvidas nesta decisão, refere o Sunday Times.
A notícia espalhou-se rapidamente por todo o mundo, o que levou o Palácio de Buckingham a reagir: “O que se escreve sobre os planos do duque e da duquesa são, neste momento, especulação. Ainda não foram tomadas decisões quanto a papéis no futuro. O duque irá continuar a desempenhar o seu enquanto embaixador da Commonwealth para a juventude”.
Esta sim poderia ser uma decisão que traria muitas mudanças – os conselheiros envolvidos estão, segundo o Sunday Times, a delinear um plano para criar novos papéis para Harry e Meghan, que teria como objetivo desenvolver a ajuda humanitária naquele continente e, ao mesmo tempo, promover o ReinoUnido naquelas comunidades.
Na segunda-feira, Dia Mundial da Terra, a conta oficial dos Duques de Sussex publicou no Instagram fotografias do casal no meio da natureza – várias foram tiradas em África. E são muitas as ligações do casal àquele continente: Harry criou a fundação Sentebale – organização que ajuda crianças afetadas pelo vírus da sida – no Lesoto e, segundo a imprensa, o casal apaixonou-se durante uma viagem ao Botsuana, um país que Harry diz ser “a sua segunda casa”. Além do Botsuana, África do Sul e Malaui são outras hipóteses avançadas pela imprensa.
Há quem compare esta decisão de Harry e Meghan com o ‘momento Malta’ de Isabel II e Filipe – entre 1949 e 1951, a futura rainha e o marido viveram nesta ilha do Mediterrâneo, longe da confusão.