Os donos da democracia


As europeias começam a mexer e os partidos – alguns mais do que outros – estão a apostar as fichas todas. Talvez por temer um resultado que possa prenunciar algo de menos bom para as legislativas, o PS, por exemplo, tem-se desdobrado em iniciativas, em que o primeiro-ministro vai participando estoicamente, numa espécie de regime…


As europeias começam a mexer e os partidos – alguns mais do que outros – estão a apostar as fichas todas. Talvez por temer um resultado que possa prenunciar algo de menos bom para as legislativas, o PS, por exemplo, tem-se desdobrado em iniciativas, em que o primeiro-ministro vai participando estoicamente, numa espécie de regime pós-laboral.

Ontem foram divulgados os orçamentos dos vários partidos para a campanha e os números são reveladores. Sem grande surpresa, o PS é o que mais vai gastar – cerca de 1,2 milhões de euros. Segue-se o PSD, com 890 mil, o que tanto pode ser interpretado como contenção saudável e realismo ou como falta de ambição – depende da perspetiva. O valor, de resto, é muito idêntico ao do PCP, que surge em terceiro lugar, com 850 mil euros. Quem diria que os comunistas podiam ser tão gastadores?

Mas a grande surpresa vem da coligação Basta!, de André Ventura, que apesar de ter acabado de nascer prevê gastar já meio milhão de euros com esta campanha.

Não demorou a aparecer quem lançasse suspeições sobre as origens desse financiamento, sugerindo que só pode ter motivações obscuras. Podemos, de facto, questionar de onde vem esse dinheiro – exatamente da mesma forma que podemos questionar de onde vem o dinheiro do PS, do PSD, do CDS, do Bloco, etc. 

É que, por muito que discordemos de certas ideias de Ventura, ninguém tem o direito de se arvorar em dono da democracia.

O ex-vereador do PSD quer agitar a sociedade e trouxe questões controversas. Mas quem não gosta dele ou o considera perigoso deve rebater os seus argumentos, contrariar as suas ideias e mostrar por A + B por que estão erradas, não tentar varrê-lo para fora do jogo político.

Ou a democracia tornou-se uma espécie de clube fechado onde só são admitidos os membros das dinastias do costume?
 


Os donos da democracia


As europeias começam a mexer e os partidos – alguns mais do que outros – estão a apostar as fichas todas. Talvez por temer um resultado que possa prenunciar algo de menos bom para as legislativas, o PS, por exemplo, tem-se desdobrado em iniciativas, em que o primeiro-ministro vai participando estoicamente, numa espécie de regime…


As europeias começam a mexer e os partidos – alguns mais do que outros – estão a apostar as fichas todas. Talvez por temer um resultado que possa prenunciar algo de menos bom para as legislativas, o PS, por exemplo, tem-se desdobrado em iniciativas, em que o primeiro-ministro vai participando estoicamente, numa espécie de regime pós-laboral.

Ontem foram divulgados os orçamentos dos vários partidos para a campanha e os números são reveladores. Sem grande surpresa, o PS é o que mais vai gastar – cerca de 1,2 milhões de euros. Segue-se o PSD, com 890 mil, o que tanto pode ser interpretado como contenção saudável e realismo ou como falta de ambição – depende da perspetiva. O valor, de resto, é muito idêntico ao do PCP, que surge em terceiro lugar, com 850 mil euros. Quem diria que os comunistas podiam ser tão gastadores?

Mas a grande surpresa vem da coligação Basta!, de André Ventura, que apesar de ter acabado de nascer prevê gastar já meio milhão de euros com esta campanha.

Não demorou a aparecer quem lançasse suspeições sobre as origens desse financiamento, sugerindo que só pode ter motivações obscuras. Podemos, de facto, questionar de onde vem esse dinheiro – exatamente da mesma forma que podemos questionar de onde vem o dinheiro do PS, do PSD, do CDS, do Bloco, etc. 

É que, por muito que discordemos de certas ideias de Ventura, ninguém tem o direito de se arvorar em dono da democracia.

O ex-vereador do PSD quer agitar a sociedade e trouxe questões controversas. Mas quem não gosta dele ou o considera perigoso deve rebater os seus argumentos, contrariar as suas ideias e mostrar por A + B por que estão erradas, não tentar varrê-lo para fora do jogo político.

Ou a democracia tornou-se uma espécie de clube fechado onde só são admitidos os membros das dinastias do costume?