Cientistas tentam ver plástico do espaço

Cientistas tentam ver plástico do espaço


O objetivo é utilizar satélites para monitorizar a descarga dos oito milhões de toneladas de plástico que chegam anualmente ao oceano, usando a reflexão deste material na água.


A comunidade científica procura maneiras de monitorizar as toneladas de plástico que se têm acumulado no oceano nas últimas décadas. As tentativas de utilizar imagens de satélite não têm tido sucesso devido à dificuldade em registar pequenos objetos, como os sacos de plástico, palhinhas e embalagens que deitamos fora todos os dias, e que têm colocado em risco os ecossistemas. "Nunca vamos conseguir ver individualmente uma garrafa de plástico a flutuar no oceano, mas podemos detetar agregações deste material", explicou à BBC Lauren Biermann, do laboratório marinho de Plymouth, no Reino Unido. 

Este instituto tem estado a tentar resolver o problema com recurso aos satélites europeus Sentinel-2, um par de satélites colocados em órbita em 2015 e 2017 pela Agência Espacial Europeia. Jogam com o facto de que o lixo flutuante tende a agregar-se, devido às correntes. Apesar de muitas vezes estar misturado com detritos naturais como algas, o reflexo do plástico na água imite uma radiação muito própria. "A vegetação tem uma boa assinatura, que podemos procurar, enquanto o plástico tem uma assinatura diferente", contou Lauren. Os estudos têm sido feitos em conjunto entre o laboratório de Plymouth e a universidade do Egeu, na Grécia. 

Deste modo, as imagens obtidas têm potêncial para conseguir monitorizar as oito milhões de toneladas de plástico que todos os anos chegam ao mar através de rios e estuários. Permitindo assim assinalar áreas de risco e apurar responsabilidades, para tentar diminuir os impactos deste tipo de poluição.