Santana Lopes desafiou o PSD e o CDS a abrir uma reflexão sobre a possibilidade de uma coligação nas eleições legislativas. O líder da Aliança defende, em entrevista ao “SOL”, que uma coligação pré-eleitoral entre os partidos de centro-direita pode ser a única forma de vencer António Costa nas próximas eleições legislativas, que vão realizar-se no dia 6 de outubro. “Sem coligação pré-eleitoral é muito difícil vencer a frente de esquerda. Todos temos de admitir que faz sentido perante este discurso cada vez mais radical da esquerda.”, afirma.
O desafio lançado pelo fundador da Aliança não foi bem recebido por Rui Rio. O presidente do PSD defende que “não faz sentido algum Santana Lopes sair do PSD e depois querer fazer uma coligação” com o partido. “Para isso não saía”, afirmou ontem, em Coimbra, o líder do PSD, no encerramento da primeira edição da Academia Política Calvão da Silva. Em resposta, Santana Lopes partilhou, na sua página do facebook, duas notícias: uma em que Rui Rio rejeita uma coligação pré-eleitoral entre os partidos de direita e outra em que não fecha a porta a um entendimento com os socialistas a seguir às eleições legislativas.
O CDS prefere não fazer, para já, nenhum comentário sobre a hipótese lançada por Santana Lopes, mas Assunção Cristas já afastou diversas vezes esse cenário. A líder dos centristas defende que os partidos de centro-direita devem “caminhar cada um por si”, embora possam ser “parceiros no futuro”.
Nas últimas eleições legislativas, em 2015, PSD e CDS concorreram juntos com a coligação Portugal à Frente. Ao contrário do que muitos previam, a coligação liderada por Passos Coelho venceu as eleições com quase 37% dos votos e 107 deputado. O PS, liderado por António Costa, conseguiu pouco mais de 32% e 86 deputados. A ausência de uma maioria absoluta acabou por ser fatal para Passos Coelho, já que a esquerda conseguiu unir-se pela primeira vez e apresentar uma alternativa.
“É MAIS MOBILIZADOR” Santana Lopes defende, em entrevista ao “SOL”, que as últimas eleições legislativas são a prova de que a direita deve ponderar uma coligação pré-eleitoral. “É uma proposta que tenho de apresentar ainda à direção política nacional, mas todos temos de admitir que faz sentido perante este discurso cada vez mais radical da esquerda. A bipolarização está cada vez maior. Já não é mau a coligação pós-legislativas, mas como se viu, por exemplo em 2015, é mais mobilizador se houver um entendimento. Em 2015, o PSD e o CDS elegeram 107 deputados, mas separados teriam menos deputados por causa do método de Hondt”, afirma o fundador da Aliança.
Aproximação O ex-líder do CDS, Ribeiro e Castro, foi uma das vozes que já defendeu uma maior aproximação entre os partidos de centro-direita. O ex-presidente do CDS é defensor de que os partidos de centro direita devem aproximar-se em vez de existir “uma competição de medição de forças entre partidos da oposição”. O ex-porta-voz do CDS, Filipe Lobo D´Ávila, também defendeu, em entrevista ao “SOL”, no final de 2018, que “era exigível aos lideres dos partidos do centro-direita que se entendessem para apresentar um projeto para o país”.
O ex-deputado centrista entende que uma coligação pré-eleitoral ajudaria a vencer a esquerda. “Isso pode ser feito de diferentes formas, mas para conseguir vencer António Costa vai ser preciso ter uma maioria absoluta de deputados e está comprovado que é mais fácil obtê-la se existir uma coligação pré-eleitoral entre os dois partido”, disse.
O social-democrata Miguel Morgado também já defendeu publicamente que os partidos de direita se entendem a tempo de concorrerem juntos às próximas eleições legislativas. Recentemente, Morgado defendeu que é preciso “levar a cabo uma grande coligação pré-eleitoral que, uma vez bem sucedida, saiba o que fazer com o poder”.