Nas últimas semanas têm o país e o mundo assistido, incrédulos e com crescente preocupação, à grave crise política, económica e social da Venezuela, numa escalada de perigo que parece cada vez mais demonstrar que o problema só será resolvido por via de uma intervenção externa. Ninguém com o mínimo de inteligência ou bom senso pode defender que Maduro é neste momento um líder legítimo, que depô-lo, seja lá de que maneira for, é um erro ou uma operação golpista atentatória da soberania da Venezuela e, sobretudo, afirmar que isso, sim, causará conflito e violência nas ruas do território em questão. Esse fenómeno é o que está já a acontecer, mas impulsionado pelo contrário, ou seja, exatamente por Maduro se manter no cargo quando a população tal já não admite. Não tenhamos dúvidas, resolver o problema da Venezuela é imperioso e a única solução possível é derrubar Maduro. Aqui chegados, entra o PCP em cena. Confesso que por vezes não sei o que é mais esfuziante, se o fato de treino do senhor do bigode, se determinadas afirmações e posturas do Partido Comunista Português. Datada de dia 4 deste mês, surge no site do partido em questão uma nota do seu gabinete de imprensa referente a este verdadeiro drama social, onde considera, entre outras coisas, o PCP que é condenável o apoio a Guaidó, caracterizando-o como um fantoche nomeado por Trump; que o governo português, ao apoiar esta suposta operação golpista, tornar-se-á corresponsável pela violência que daí possa resultar; e, pasme-se, que a ajuda humanitária prestada à Venezuela pode e bem ser interpretada como uma pura provocação fronteiriça ou estar na origem dela. Já percebemos que Maduro é louco; agora, o que eu gostava de perceber é se no PCP também está tudo maluco. Mas alguém com bom senso pode sequer ousar colocar a possibilidade de que o que se está a passar na Venezuela resulta de um golpe de Estado? Isto quando, ano após ano, Maduro conduziu o seu país e o seu povo ao limiar da miséria, diria mesmo ao limiar da sobrevivência? Mais: será o PCP tão desprovido de inteligência que não vê que a violência crescente naquele território não resulta de ingerências externas, mas de as pessoas estarem literalmente a morrer de fome? O que é mais importante para o PCP? Salvar a vida dos milhões de venezuelanos e também dos milhares de portugueses que no território se encontram, ou manter o apoio a um louco varrido no poder por puro capricho político ideológico? Chego a ter pena do PCP. É demasiado mau para ser verdade. Já não bastava o voto de pesar pela morte de Fidel Castro ou algumas declarações em que é notória a dificuldade em condenar a postura da Coreia do Norte, agora ainda vêm dizer que Maduro é que está a ser agredido pelos países estrangeiros, em vez de o olharem como o agressor do seu próprio povo. Aliás, o agressor e o carrasco! Meus caros camaradas, permitam-me então que vos diga: se viver em Cuba, na Coreia do Norte ou na Venezuela é tão bom como afirmam, então façam um favor ao país. Metam-se todos num avião, sigam para lá e que de lá nunca mais voltem.
Escreve à sexta-feira