As crianças que vivem em casas com piso vinílico ou com produtos que contenham retardador de chamas no sofá – substância química utilizada com o intuito de retardar ou, se possível, eliminar a propagação de chamas num determinado material, desenvolvida nos anos 70, quando 40% dos norte-americanos fumavam e os cigarros eram a maior fonte de incêndios – apresentam concentrações mais elevadas, tanto no sangue como na urina, de compostos orgânicos semivoláteis potencialmente prejudiciais que as que vivem em ambientes onde esses materiais não estão presentes. A conclusão é de um estudo realizado pela Duke University.
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De acordo com o mesmo, a exposição a retardantes de chamas no sofá está associada a atrasos no desenvolvimento neurológico, obesidade, doenças endócrinas, disfunção tireoideia e cancro, entre outras doenças. Já as crianças com contacto com piso vinílico apresentaram concentrações de dibutilftalato na urina 15 vezes maiores que as crianças que não estão expostas a esse tipo de pisos. Esta concentração está associada a distúrbios respiratórios e reprodutivos e a irritações da pele.
“Estas substâncias tóxicas são utilizados em eletrodomésticos, móveis e materiais de construção e podem ser detetadas praticamente em todos os ambientes internos”, revela Heather Stapleton, uma das investigadoras. A responsável lembra ainda que “a exposição humana a estas substâncias acontece de forma generalizada, principalmente no caso das crianças, uma vez que estas passam a maior parte do tempo dentro de casa e, como tal, têm maior exposição a estas substâncias químicas”.
Ainda assim, os investidores reconhecem que tem havido poucos estudos em torno destas matérias. Para combater esta falta de investigação, Stapleton, juntamente com os seus colegas da Duke University, iniciou um estudo de três anos sobre este tipo de exposições, analisando 203 crianças de 190 famílias. “O nosso objetivo era investigar as ligações entre produtos específicos e as exposições de crianças de forma a determinar como ocorreu esse contacto: através da pele ou por inalação de poeira inadvertidamente”, disse a investigadora.