Catalunha. Junqueras garante ser “preso político”

Catalunha. Junqueras garante ser “preso político”


O antigo vice-presidente do governo regional da Catalunha acusou o governo de Mariano Rajoy de ter feito o jogo da “cadeira vazia”, recusando negociar


No terceiro dia do julgamento dos 12 líderes independentistas, Oriol Junqueras, antigo vice-presidente do governo regional catalão, tomou a palavra para garantir que se considera "preso político" às mãos das autoridades espanholas. Junqueras é acusado de rebelião e desvio de fundos públicos, correndo o risco de ser condenado a um máximo de 25 anos de prisão. 

Há mais de um ano que o antigo governante se encontra detido em prisão preventiva numa prisão espanhola.

"Estou numa situação em que não tenho defesa possível, por me estarem a acusar pelas minhas ideias", afirmou o antigo governante, citado pelo "La Vanguardia", perante os juízes do Supremo Tribunal espanhol, em Madrid. "Percebo que estou num processo político e como sou representante eleito, não responderei às perguntas das acusações", desafiou. 

Sabendo que se trata de um julgamento político, Junqueras não perdeu a oportunidade de defender a causa independentista perante os mais de 600 jornalistas acreditados junto do tribunal. "Votar num referendo não é crime. Nado do que fizemos é crime", declarou, garantindo de seguida que "nenhum dos crimes" referidos pelo Ministério Público espanhol foi cometido pelos arguidos. 

Se houve violência nas ruas da Catalunha no dia do referendo independentista, a 1 de outubro, e se as posições políticas se extremaram, a isso se deveu a recusa do governo espanhol de Mariano Rajoy em dialogar com os independentistas. "Perante uma proposta maioritária, reiterada no tempo, democrática e pafícia, o resultado é sempre uma recusa do diálogo", afirmou, acrescentando que o executivo de Rajoy fez o jogo da "cadeira vazia". 

"Nós só queremos convencer pela positiva [nas negociações], mas tratam-nos como inimigos. Não somos inimigos de ninguém", afirmou. Junqueras realçou a necessidade de se procurar "uma saída política" para o impasse que se vive em Espanha entre Madrid e Barcelona, garantindo "amar a Espanha, o povo espanhol e a língua e cultura espanholas".