Job for the girl de Costa: como a “Faden Madrinha” está a gerar tensões perigosas dentro do governo


Efetivamente, desde que António Costa se impingiu aos portugueses como chefe de governo, tem sido um verdadeiro é-fartar-vilanagem de distribuição de lugares e benesses por entre os boys e as girls socialistas


1. Rita Faden será a próxima presidente da Fundação Luso-Americana para o Desen-volvimento (FLAD). É mais um prémio para uma amiga de António Costa – desde que assumiu funções governativas, o primeiro-ministro tem governado de menos; e tem nomeado demais. Se refletirmos bem (e com o rigor que vai faltando à discussão pública nacional) sobre a atividade governativa da geringonça, concluiremos que nenhuma reforma estrutural foi levada a cabo, nenhuma política pública coerente e sustentável foi pensada e executada – nem sequer conseguiremos mesmo identificar uma alteração legislativa marcante que produza efeitos duradouros, para além da gestão política imediatista de António Costa. É que, ao contrário do que os média que dormem na cama do regime veiculam, a geringonça não funciona; apenas não cai.

 

2. A geringonça só criou a aparência de que funciona porque, em rigor, nunca saiu do mesmo sítio – invocando aqui metáfora que nos parece particularmente impressiva, a geringonça permaneceu sempre no lugar de estacionamento para evitar dar o lugar a um Ferrari (ou, pelo menos, a um veículo decente), que corresponderia a uma solução política credível e patriota do centro-direita. No fundo, a geringonça não é poder; a geringonça está no poder. E a obsessão deste PS sem alma, à imagem e semelhança do seu líder António Costa, é estar no poder. Porquê? Porque estar é o que interessa para ter acesso aos privilégios e mordomias que o poder confere – capturar o Estado, distribuir lugares e lugarezinhos, eis a única motivação deste PS costista que traiu a herança, histórica e ideológica, do PS de Mário Soares. Quem pagará a fatura? O povo português, outra vez, mais cedo do que tarde…

 

3. Efetivamente, desde que António Costa se impingiu aos portugueses como chefe de governo, tem sido um verdadeiro é–fartar-vilanagem de distribuição de lugares e benesses por entre os boys e as girls socialistas. E não para – estamos na iminência de entrar em ano eleitoral, mas António Costa não cessa de retribuir a amizade dos seus mais próximos com cargos no Estado. E o (tragicamente) engraçado é que há uma espécie de hierarquia entre os “salteadores socialistas do Estado (cujo futuro está) perdido”: os amigos mais antigos e cegamente leais a António Costa são premiados preferentemente; seguindo-se os leais à geringonça; terminando, depois, em todos aqueles que forem cúmplices, por ação ou omissão, do golpe costista de tomada de assalto da máquina do Estado. O que é, então, o PS de António Costa?

 

4. Não é mais do que uma combinação bizarra do pior do guterrismo com o pior do socratismo. Como é sabido à exaustão por todos nós, o guterrismo terminou com Portugal atulhado no “pântano socialista”; o socratismo terminou com uma bancarrota que os portugueses tiveram de pagar com sacrifícios abomináveis. Agora, caríssimo(a) leitor(a), junte estas duas realidades e… terá como acabará o costismo. O costismo levará Portugal – numa combinação exótica de guterrismo irresponsável e de socratismo lunático, com o irrealismo da extrema-esquerda a juntar-se à festa – a transformar-se num “pântano em bancarrota”, com disseminação do sofrimento social, sobretudo dos mais vulneráveis da nossa sociedade.

 

5. Dito isto, a nomeação da “girl” preferida de António Costa, Rita Faden, para a presidência da FLAD é a confirmação do modus operandi do executivo geringonçado: sempre que há um lugar disponível, lá vai um amigo ou amiga de Costa. Note-se, no entanto, que a escolha da “Faden Madrinha” de Costa está a gerar controvérsia no seio do próprio executivo – controvérsia que se traduz em divisões e incompreensões mútuas entre o primeiro-ministro e os seus ministros. Em que termos? Vejamos. A informação da nomeação de Rita Faden para a FLAD tem sido posta a circular por fontes do próprio gabinete do primeiro-ministro, mais concretamente pelo ministro Pedro Siza Vieira. É curioso que seja um dos melhores amigos de Costa a promover a nomeação de uma… melhor amiga de Costa! Parece que Costa promove os seus amigos; e os amigos de Costa promovem-se entre si… Pedro Siza Vieira, ministro Adjunto e da Economia, tem mostrado um empenho ilimitado na nomeação de Rita Faden para a FLAD.

 

6. Já Augusto Santos Silva – sabemos de fonte particularmente qualificada do Palácio das Necessidades – ficou perplexo com a escolha de António Costa, considerando-a mesmo uma provocação pessoal e uma desautorização da sua autoridade como responsável governativo cimeiro pela política externa portuguesa. Porque Rita Faden, enquanto chefe de gabinete de Costa, entendia que mandava mais do que o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros; Faden julgava-se uma “superministra”. E isso traduziu-se no seu relacionamento com embaixadas e altos dignitários políticos estrangeiros à revelia de Santos Silva; nas tentativas de pressionar Santos Silva a decidir em determinado sentido, por indicação (alegadamente) do primeiro-ministro; e até na imiscuição permanente na escolha da própria equipa do ministro dos Negócios Estrangeiros. Acresce que Augusto Santos Silva, que é um homem sensato e com uma lucidez superior à média da geringonça, sabe que o currículo de Faden é manifestamente insuficiente para a responsabilidade que é ser presidente da FLAD. Será desprestigiar a relação transatlântica, a nossa amizade privilegiada com os EUA, em tempos de ofensiva chinesa agressiva ao nosso país.

 

7. Pergunta: tratando-se de questão com evidente relevância para o futuro da política externa, não terá o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (que, confrontado com a questão, lançou os nomes de Porfírio Silva e Seixas da Costa – para despistar e dar rédea solta aos amigos do primeiro-ministro?) uma palavra a dizer sobre tão bizarra nomeação de mais uma amiga de António Costa? A falta de vergonha do Estado socialista continua…

 

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