Mais leilões de obras de Bansky, mais surpresas?

Mais leilões de obras de Bansky, mais surpresas?


Depois da subversão do leilão de Londres, estará Banksy a preparar surpresas para Paris e Los Angeles? Os leiloeiros acham que não – mas gostavam que sim


O burburinho é expetável e compreensível. Hoje, em Paris, são leiloadas mais três obras de Banksy, as primeiras após “Girl With Balloon” quase se ter desfeito na totalidade em tirinhas a 5 de outubro, na Sotheby’s de Londres, assim que foi arrecadado por 1,042 milhões de libras (cerca de 1,2 milhões de euros). O leilão “Search & Stop”, organizado pela Artcurial, conta com três obras do artista: “Stop and Search”, “Soup Can Yellow” e “Queen Vic”. Mas a onda mediática que envolveu a destruição de “Girl With Balloon” não se fica por aqui e continua a ser surfada já no próximo mês, desta vez em Los Angeles. A 14 de novembro serão leiloadas mais quatro obras do artista pela Julien’s Auctions: o icónico “Slave Labour (Bunting Boy)”, “Crazy Horse”, “Applause” e “Love TV Girl”.

O momento de autodestruição do quadro acabou por se tornar por si mesmo numa instalação artística e num novo “Girl With Balloon”. E depois do primeiro momento de choque veio o veredicto: o célebre desconhecido tinha conseguido, com esta que foi entendida como uma crítica à mercantilização da arte, fazer história em direto e aumentar para valores ainda não calculados o valor da obra. No Instagram, o próprio Banksy explicou em vídeo – onde citou uma frase de Picasso, “A urgência de destruir é também uma urgência criativa” – como tinha inserido uma trituradora de papel dentro da moldura que acionou depois por controlo remoto. “Parece que fomos Banksyados”, reagiu então com graça Alex Branczik, da Sotheby’s, citado pelo “Financial Times”.

Hoje, a organização de Search & Stop diz que não se importava de ser “banksyada”. “Se estamos à espera disso? Nem pensar. Mas se calhar temos esperança que aconteça”, disse Arnaud Oliveux, o leiloeiro responsável pelo evento. “Adoraria que algo acontecesse”, admitia sem pudores, na semana passada, à Reuters.

Posição semelhante tem Darren Julien, da Julien’s Auctions. “Não podemos garantir que os nossos quatro Banksy vão esfarrapar-se ou explodir automaticamente, mas vamos vendê-los ao comprador com a licitação mais alta”, afirmou na semana passada em comunicado, citado pelo “Público”. E atenção que neste leilão haverá mais tubarões, como Andy Warhol ou Basquiat. Ainda assim, os ecos do subversivo leilão de Londres são os mais fortes e as fichas das atenções e, decorrentemente, dos cifrões, estão todas na obra do artista incógnito.