Doclisboa. Dos vampiros das ruas de Cáli à Síria do Baath

Doclisboa. Dos vampiros das ruas de Cáli à Síria do Baath


Com mais de 240 filmes, arranca quinta-feira em Lisboa o 16.º Doclisboa. Com o colombiano Luis Ospina, de visita a Lisboa, como realizador em foco, mas também uma região: a do Eufrates. Rio da Mesopotâmia, hoje da Turquia, do Iraque e da Síria. “Navegar o Eufrates: viajar no tempo e no mundo” é o título…


The Waldheim Waltz

Primeiro, o nome: Kurt Waldheim, o antigo secretário-geral da ONU que escondeu dois anos do seu passado durante a época nazi. Em 1986, Ruth Beckermann estava entre os ativistas que tentaram, sem sucesso, impedir a sua eleição como presidente austríaco – cargo que ocuparia até 1992. Nesta quinta-feira, a realizadora está em Lisboa, com o filme que dedicou a esta “personificação da história recente da Áustria”, na sessão de abertura deste Doclisboa. 

Dia 18 às 21h30 no Grande Auditório da Culturgest

Terra Franca

Leonor Teles será tudo menos nome desconhecido do cinema português. Depois de “Balada de um Batráquio”, depois do Urso de Ouro com a sua primeira curta (excluindo “Rhoma Acans”, filme de escola ainda) de há dois anos, em Berlim, chega-nos por fim a sua primeira longa-metragem. “Terra Franca”, a partir da vida de um pescador junto ao Tejo, na competição nacional, ao lado dos novos filmes de Filipa César (“Sunstone”) e de Salomé Lamas (“Extinção”). 

Dia 19 às 21h30, no Grande Auditório da Culturgest; repete dia 22, às 14h00, na Sala 3 do São Jorge

A Flood in Baath Country

Da história das promessas de progresso com a construção da barragem de Tabqa, no vale do Eufrates, à vida quotidiana de uma aldeia num lugar da Síria a que o Estado não chegava – uma viagem do cineasta Omar Amiralay (n. 1944, Damasco) pelo seu país e pelo afundar da esperança de um país na democracia. Integrado no foco “Navegar o Eufrates”, dedicado àquela região, filme de 2003 que nos dá respostas para a Síria de hoje. O que é afinal o Baath, o partido que Bashar al-Assad herdou do seu pai, Hafez?

Dia 21 às 18h45, na Sala 3 do São Jorge; repete dia 28, às 18h15, na mesma sala

Antecâmara

Na competição internacional, o mais recente filme de Jorge Cramez. Uma reflexão do realizador português sobre o “ato de filmar”. Montado a partir de imagens gravadas em video assist, “Antecâmara”, um documentário de 52 minutos, leva o espetador à “realidade física” e à “energia ritual” de duas equipas de cinema durante a preparação da rodagem de um plano. Exibido com “Brisseau – 251, Marcadet’s Street”.

Dia 22 às 18h45, no Grande Auditório da Culturgest; repete dia 24, às 16h45, na Sala 3 do São Jorge

The Vampires of Poverty

Câmara na mão, um realizador num táxi à procura de pessoas nas ruas de Cáli. Pessoas, não. Pobres, mendigos, loucos. O que for um louco. O importante é encontrar um louco, alguém que faça de louco para uma mise-en-scène qualquer em torno da pobreza. Vampiros da pobreza são eles, Carlos Mayolo e Luis Ospina. Ou então, não. Ou então é uma crítica este filme do realizador em foco desta edição, Luis Ospina, ao oportunismo do cinema sociopolítico no Terceiro Mundo.
 
Dia 23 às 21h30, na Cinemateca Portuguesa
 
Their Own Republic

Depois do pedido da embaixadora da Ucrânia em Portugal para que a sessão de “Their Own Republic” fosse cancelada, não há como não querer espreitar o documentário em que a russa Aliona Polunina produz “um retrato obsessivo e agudo de homens em tempo de guerra”. Os homens são um batalhão pró-Rússia, a guerra é a da autoproclamada República Popular de Donetsk, em território ucraniano.

Dia 22 às 21h30, no Grande Auditório da Culturgest

Brisseau – 251, Marcadet’s Street

O controverso Jean-Claude Brisseau (ainda este ano, a Cinemateca Francesa adiou sem data uma retrospetiva à obra do cineasta há dez anos condenado por assédio a três atrizes depois de enorme contestação em França) recebe em sua casa uma equipa de filmagem e alguns amigos para uma conversa sobre “o cinema, a infância e a passagem do tempo”. O resultado é este documentário de Laurent Achard, integrado na série “Cinéma de notre temps”.

Dia 22 às 18h45, no Grande Auditório da Culturgest; repete dia 24, às 16h45, na Sala 3 do São Jorge

Infinite Football

“No passado outono, um bom amigo de infância, Florin, disse-me que o irmão, Laurentiu, inventou um desporto novo alterando as regras do futebol. Um mês depois, fui para a minha terra natal, Vaslui, com uma equipa de filmagem pequena, para saber mais sobre o novo desporto”, contou o realizador romeno Corneliu Porumboiu sobre a história que deu o filme de encerramento desta edição do Doclisboa, “Fotbal infinit”. 

Dia 27 às 21h00, no São Jorge (Sala Manoel de Oliveira)

Westwood: Punk, Icon, Activist

Integrado na secção Heartbeat, “Westwood: Punk, Icon, Activist”, documentário em estreia nacional da realizadora britânica Lorna Tucker, dirá tudo só no título. Sobre Vivienne Westwood, claro está, a “grande dama do punk rock, agent provocateur, ativista ambiental e uma das criadoras mais influentes da história recente”, um documentário sobre a sua luta para triunfar que mistura imagens novas com arquivo para uma história contada pelos que a rodeiam e pela própria. Westwood. 

Dia 20 às 18h30, no São Jorge (Sala Manoel de Oliveira); repete dia 27, às 21h30, no Grande Auditório da Culturgest

11 x 14

Conhecido pelo seu “radicalismo formal” e “olhar atento e paciente”, Jammes Benning é o realizador convidado da secção Riscos deste ano. Numa sequência de quadros aparentemente independentes, capazes de criar ecos que pretendem inquietar a memória do espetador, “11 x 4” (1977) é a sua primeira longa-metragem. Do realizador americano, para ver ainda “L. Cohen” (2017) e “measuring change” (2016).

Dia 24 às 19h15, no Pequeno Auditório da Culturgest