Festival de Viena. João Salaviza e Gabriel Abrantes levam-nos à Áustria

Festival de Viena. João Salaviza e Gabriel Abrantes levam-nos à Áustria


A Viennale volta em outubro e já tem programação principal onde se contam duas longas em português: “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, e “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt


A próxima edição da Viennale – Festival Internacional de Cinema de Viena -, em outubro, fala-se também em português. Os filmes “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, e “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt serão parte integrante do programa principal desta que será a 58.ª do festival austríaco, anunciou a organização. 

Os filmes de Salaviza e Renée Nader Messora e de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, que já foram premiados em Cannes, terão assim destaque no mesmo festival que já premiou outras películas em português como “A Uma Hora Incerta” (2015), o filme que percorre as memórias de infância de Carlos Saboga durante o período da ditadura ou “Aquele Querido Mês de Agosto”, a segunda-longa metragem de Miguel Gomes (2008) que, no limbo entre o documentário e a ficção, nos leva por um périplo por algumas aldeias do interior de Portugal no mês em que, por tradição, os emigrantes voltam a casa.

A Viennale começa em outubro e só a 8 desse mês será conhecida a programação completa. Para já, “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” e “Diamantino” fazem parte de uma seleção de 34 filmes em que constam também títulos do argentino Mariano Danoso, do romeno Corneliu Porumboiu ou da alemã Sudabeh Mortezai.

Chuva João Salaviza (34 anos) e a sua mulher Renée Nader Messora (38) demoraram nove meses a rodar “Chuva é cantoria na aldeia dos morto” na aldeia Pedra Branca, no estado de Tocantins, interior do Brasil. O casal filmou sozinho, sem equipa, o dia a dia de um povo indígena brasileiro, os krahô. E apanhou em 16 mm aquela que seria a linha condutora da história: a necessidade de Ihjãc, um jovem desta aldeia indígena, em organizar uma festa de fim de luto – uma comemoração tradicional para os krahô – para dar paz ao espírito defunto do seu pai. 

“Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” já foi distinguido pela sua fotografia, além de ter arrecadado um prémio especial do júri da secção ‘Un Certain Regard’ em Cannes. Este mês, o filme conquistou ainda o prémio de melhor obra de ficção do Festival de Cinema de Lima, no Peru. O filme, uma coprodução brasileira e portuguesa, deve estrear nas salas portuguesas, francesas e brasileiras no primeiro trimestre do próximo ano.

Diamantino Também “Diamantino” parte para Viena com medalhas no palmarés. A primeira longa de Gabriel Abrantes, correalizada e escrita com o norte-americano Daniel Schmidt, com quem já havia colaborado no passado, venceu em Cannes o Grande Prémio da Semana da Crítica.

A história, com tons de comédia, é protagonizada por Carloto Cotta, aqui Diamantino Matamouros, a estrela de futebol da nação, cuja glória se perde algures no tempo. “Trabalhámos muito sobre esta ideia de que o Diamantino é tão naïf e tão simples que tem um génio que não é só o génio do futebol, mas um génio de falta de preconceitos”, explicou Gabriel Abrantes ao i antes da estreia em Cannes. Pressionado no filme por uma panóplia de figuras, o novo herói há de no fim conseguir “ultrapassar nacionalismos, as questões do dinheiro, as questões do futebol e a aceitar no fim, de braços abertos, um amor muito inesperado”.

Com um elenco onde se contam também Cleo Tavares, Anabela Moreira, Margarida Moreira, Carla Maciel, Filipe Vargas, Manuela Moura Guedes, Joana Barrios e Maria Leite, “Diamantino” é uma coprodução entre Portugal, Brasil e França.