Em maio do próximo ano realizar-se-ão, como esperado, as vulgo denominadas eleições europeias, que têm como primordial objetivo eleger aqueles e aquelas que no próximo mandato irão ser chamados a ocupar os 705 lugares disponíveis no Parlamento Europeu. Sendo esta eleição, pelo menos em teoria, a mais importante no que se compreende face ao espetro de comunhão política que teoricamente norteia os destinos de vários países, é preocupante a distância que a sociedade civil dela tem. E com isto não se quer dizer que essa mesma distância seja culpa das populações. Não é! O problema reside no facto de a União Europeia se encontrar numa verdadeira encruzilhada política em que, francamente, não se compreende na maioria das vezes o caminho que se quer trilhar. Não sendo minha esta frase, porque, de facto, muitos outros já a disseram, começa a parecer que a União Europeia, de união, já só tem mesmo o nome.
A crise económica, mais ou menos mascarada por alguns países, mantém-se; associadamente a este problema continua o drama do desemprego sobretudo das gerações mais novas e, não só por este como por outros problemas associados, a realidade de muitos milhões de pessoas que, em vez de conseguirem viver, cada vez mais o que fazem é apenas sobreviver; politicamente, continuam dia após dia a surgir governos compostos por forças políticas que no seu âmago se apresentam contrários aos ideais de humanismo e solidariedade que, pelo menos teoricamente, fazem parte da matriz europeia; a nível internacional agudiza-se a força do território num definhar contínuo e incomodativo da sua influência externa e, na prática, continua sem aparecer um estadista que consiga catapultar a Europa para um amanhã mais risonho e mais condigno com a história comunitária. Tudo isto é preocupante. E mais que ser preocupante por ser o que se verifica hoje, é sê-lo hoje e não parecer haver, como se costuma dizer, uma luz ao fundo do túnel. Quando se observam imagens do Parlamento Europeu, a verdadeira sensação com que se fica é que estamos perante um amontoado de gente que, não obstante o valor e a competência individual que tenham, não conseguem depois, na prática, contribuir para que muitos dos problemas antes mencionados possam ser modificados. E a sociedade europeia não conseguirá aguentar a realidade existente por muito mais tempo. Não que com isto se queira ser fatalista, não que com isto se esteja a dizer que não temos deputados europeus competentes, mas, de facto, é curto. Como curto será o sucesso das gerações mais novas e das vindouras se o mesmo panorama de apatia não for alterado.
Escreve à sexta-feira