Liga. Sabe tão bem regressar ao conforto do consumo interno…

Liga. Sabe tão bem regressar ao conforto do consumo interno…


FC Porto trucida Rio Ave pelos mesmos números com que havia sido derrotado, igualmente no Dragão, pelo Liverpool a meio da semana: 5-0. Segue-se o meio jogo com o Estoril


“Uma mão lava a outra.” O ditado é antigo, vai passando de pais para filhos há gerações e gerações – agora talvez menos, é verdade – e aplica-se na perfeição ao momento atual do FC Porto. Há cinco dias, os dragões viram-se humilhados em pleno Estádio do Dragão, vergados ao peso da maior derrota caseira da sua história: 0-5 perante o Liverpool, para a Liga dos Campeões. Ontem, só para que não restassem dúvidas em relação à força anímica da equipa, devolveram o resultado a um Rio Ave muito longe do melhor que já mostrou esta época.

Sérgio Conceição tem tido o mérito de não hiperbolizar quer nas vitórias, quer nas derrotas. Após o jogo com os reds, fez questão de frisar que esse momento não podia abalar o que de bom o FC Porto tinha vindo a fazer até ali, e ontem deu mais uma prova de sagacidade e pragmatismo fazendo várias alterações na equipa a pensar já no meio jogo na Amoreira, frente ao Estoril, que terá lugar depois de amanhã – são 45 minutos em que os dragões estão obrigados a fazer dois golos.

Assim, surpreendentemente – ou talvez não -, surgiram nomes no onze como Casillas (regresso ao campeonato após quatro meses de fora), Maxi Pereira, Felipe ou Corona. E se ainda houvesse alguns resquícios de desconfiança depois do que aconteceu na quarta-feira, a mesma dissipou-se por completo logo aos dois minutos, quando Sérgio Oliveira bateu Cássio com um remate de fora da área. É o terceiro jogo consecutivo do médio a faturar.

 

Soares, Marega e Estoril Começava aí um dos mais fáceis jogos do FC Porto esta época. O Rio Ave, a anos-luz da equipa que aqui e ali vinha a maravilhar nalguns relvados nacionais, deixou bem à vista as debilidades defensivas que se têm evidenciado nas últimas semanas – em três jogos sofreu 14!!! golos. Aos 21’, Soares aumentou a vantagem portista, num golpe fulminante de cabeça após canto de Alex Telles. O avançado brasileiro viria a bisar já perto dos 90, somando o quinto golo nos últimos quatro jogos – só ficou em branco perante o Liverpool. A birra do jogo frente ao Sporting, na Taça da Liga, está totalmente ultrapassada e a descida de rendimento de Aboubakar vai sendo aproveitada da melhor forma.

Pouco depois da meia hora, Marega “forçou” um autogolo de Marcelo e o jogo estava fechado antes do intervalo. Na segunda parte, o avançado maliano conseguiu mesmo deixar a sua assinatura no registo dos marcadores, aumentando para 17 o seu pecúlio de golos no campeonato – mais, só Jonas (25) e Bas Dost (19) -, antes do já referido golo de Soares a fechar a goleada.

O 5-0 da redenção permite aos dragões voltar à liderança da Liga, com dois pontos de vantagem sobre o Benfica e cinco sobre o Sporting, que hoje visita o terreno do Tondela – já com Bas Dost, segundo revelou Jorge Jesus na antevisão da partida, embora sem especificar se o holandês será titular ou começará no banco. Seja qual for o resultado dos leões, todavia, os portistas sabem que só dependem de si para dar a volta ao texto no Estoril e alargar definitivamente a distância em relação aos dois rivais. Nada como voltar ao conforto do consumo interno, aquele onde os “grandes” portugueses fazem, de facto, jus ao estatuto. Na Europa, grandes são outros.