Doente! Assim vai a mente de muita gente e, pontualmente até, por sua intercessão, a do próprio legislador. Faz poucos dias, sem espanto, porque em Portugal já vai longe o tempo em que quem governa sabe o que são prioridades, tornou-se público que os bobbys e os tarecos vão poder ter entrada em restaurantes e afins. Deve felicitar-se esta grande medida legislativa! Excecional! É um orgulho para qualquer português que o Estado, não sendo capaz de solucionar o problema das pessoas que não têm de comer, o seja na permissão de cães e gatos frequentarem restaurantes. Curioso será até verificar, nesta circunstância, qual o papel da ASAE!
Na volta, um qualquer restaurante que noutros tempos, e às vezes por pouca coisa, pudesse ser encerrado por falta de higiene, agora ainda possa vir a receber um louvor se por debaixo da mesa onde o dono estiver a comer, colocar um recipiente para, durante a refeição, o bichinho poder fazer as suas necessidades. Escusa de ir à rua. É inverno e ainda se constipa! Neste momento, caro leitor, se se estiver a questionar sobre se este artigo é uma brincadeira, fá-lo com legitimidade. Pela minha ótica, penso que a única forma de responder a uma brincadeira é com outra. Pena que esta brincadeira seja doente e, como tantas outras que proliferam na cabeça da corrente animalista, represente a inversão completa dos valores da humanidade.
Qualquer dia, ainda haverá por certo muita gente que acaba a ladrar ou a miar, não vá o cão ou o gato morrer de tédio por não ter companhia. Uma coisa, legítima, é ter afeição a um animal de estimação. Agora, colocar esse animal ao nível de um ser humano? O legislador perder o seu tempo com ridicularias destas quando deveria, sim, porque é para isso que existe, ocupá-lo a melhorar a vida das pessoas? Isto não é evolução, é a decadência da humanidade! Triste país! Triste país este em que muitas pessoas, algumas por puro egoísmo, não querem gerar e amar uma criança, mas chamam filho ao cão. Triste país este em que com tanta criança para adotar, muita gente adote, sim, mas um animal! Triste país este em que quem defende o bem-estar animal se esteja muitas vezes nas tintas para o bem-estar do seu semelhante. Triste país este em que alguns defendem que o cão ou o gato só podem comer do melhor mas, ao verem alguém na rua a pedir um pouco de pão, o ignoram e passam adiante.
Triste país este em que muitos se preocupam com os sentimentos dos animais mas, no dia-a-dia, são eles verdadeiros animais para com os sentimentos dos outros. Triste país este em que levar uma criança a uma corrida de toiros ou a uma caçada é considerado ofensivo da sua formação, mas algumas dessas crianças possam ver os pais em casa todos dias à marretada um ao outro, e isso já não é problema. Triste país este em que um cão mata uma criança e, em vez de se matar o cão, surgem nas televisões petições e manifestações em sua defesa. Haja vergonha! Haja decoro! Primeiro as pessoas, depois as pessoas, em terceiro lugar ainda as pessoas, seguidamente as pessoas outra vez, e depois, só se for possível, os animais!
Escreve à sexta-feira