Carlos Abreu Amorim, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, vai apresentar a demissão do cargo na segunda-feira, a seguir ao congresso do partido. “Não estou disponível para fazer parte da direção. Há um certo cansaço da minha parte em relação a esta tarefa de orientação política dos deputados e não me revejo na estratégia de Rui Rio. Não assumirei com o dr. Rui Rio nenhum cargo no partido, a não ser que ele faça uma viragem estratégica”, afirma, em declarações ao i, o deputado social-democrata.
Carlos Abreu Amorim foi eleito deputado pela primeira vez, em 2011, quando Passos Coelho chegou a primeiro-ministro, e desde essa altura que é vice-presidente do grupo parlamentar. Foi apoiante de Pedro Santana Lopes e não está disponível em “nenhuma circunstância” para continuar a integrar a direção do grupo parlamentar com a nova liderança.
O deputado social-democrata quer sair mesmo que Hugo Soares se mantenha no cargo, mas não tem dúvidas de que a continuidade do atual líder parlamentar é a única solução possível para unir o partido. “Não é uma questão de mérito, mas nenhum [dos deputados que estão disponíveis] reúne consensos mínimos ou está em posição de conseguir unir o grupo parlamentar. Muito pelo contrário. Alguns desses nomes representam um perigo em relação ao número de brancos e nulos que possam vir a obter. Já imaginou o que será se metade dos deputados não votar no líder do grupo parlamentar que o presidente do partido escolheu?”, diz Abreu Amorim, elogiando o desempenho do ex-líder da JSD.
Deputados reunidos A questão da liderança do grupo parlamentar tem sido polémica. O nome mais consensual era o de Marques Guedes, mas rejeitou voltar a exercer o cargo.
Os deputados vão reunir-se hoje, a seguir ao debate quinzenal com o primeiro-ministro, e a expectativa é que o assunto seja abordado. Luís Campos Ferreira, tal como o i noticiou na segunda-feira, é uma hipótese que está a ganhar força. Já foram também falados os nomes de Fernando Negrão, que garantiu estar preparado para exercer o cargo, Adão Silva, próximo de Rui Rio, e José Matos Rosa, que terá recusado o convite.
O novo líder do partido não terá ainda desistido de convencer Marques Guedes, de acordo com a Antena 1. O ex-ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares é uma das poucas soluções que permitiria a Rui Rio fechar este assunto sem abrir mais controvérsias.
A maioria dos deputados apoiou Santana Lopes na corrida interna. A continuidade de Hugo Soares, que foi eleito há seis meses com 85,4% de votos e tinha mais um ano e meio de mandato pela frente, já foi defendida por vários sociais-democratas. Paula Teixeira da Cruz, por exemplo, argumenta que “a bancada parlamentar tem legitimidade própria, o líder parlamentar é eleito entre os seus pares e o atual líder parlamentar acabou de ser eleito com uma percentagem expressiva e por isso tem toda a legitimidade para continuar”.
Não deverá ser esse o entendimento de Rui Rio, que quer refrescar a direção do grupo parlamentar para o combate que vai travar a partir de segunda-feira. Até agora, Rio não abriu o jogo sobre o futuro da direção do grupo parlamentar. Numa entrevista à RTP, após a eleição, disse apenas que vai resolver a questão com “unidade, mas sem hipocrisias”. O assunto poderá ficar resolvido nos próximos dias com o objetivo de afastar esta polémica do congresso, que se realiza, neste fim de semana, em Lisboa.