Lex. João Rodrigues, o novo arguido numa lista que não para de aumentar

Lex. João Rodrigues, o novo arguido numa lista que não para de aumentar


A PGR confirmou ontem João Rodrigues como arguido da operação Lex e que “neste momento” são já 12 os suspeitos do caso que envolve Rui Rangel


No primeiro dia o número de arguidos era onze, mas ontem a lista cresceu. O advogado João Rodrigues, que já foi presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), foi ontem constituído arguido quando chegava a Lisboa, vindo de Angola.
Ontem, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a existência destes arguidos, pondo ainda fim às dúvidas sobre se Luís Filipe Vieira era ou não um dos arguidos da Operação Lex. 

“Na sequência de dúvidas suscitadas por diversos órgãos de comunicação social, confirma-se a constituição como arguidos de Luís Filipe Vieira e de Fernando Tavares”, refere a nota da PGR. “Esclarece-se, igualmente, que o inquérito tem, neste momento, 12 arguidos constituídos, entre os quais 5 detidos que serão, previsivelmente ao fim do dia, presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação”, acrescenta.

Segundo a “Sábado”, o novo arguido aparece nesta teia porque os investigadores terão descoberto que o juiz Rui Rangel (centro de todo este caso) contactou um alegado emissário do banqueiro angolano Álvaro Sobrinho – o advogado e ex-presidente da FPF.

A relevância deste dado é o facto de Rui Rangel ter sido um dos magistrados que há três anos decidiu favoravelmente um recurso interposto por Sobrinho, colocando um ponto final no arresto de bens que havia sido decretado pelo MP e pelo juiz de instrução criminal Carlos Alexandre. 

Ligação a Vieira

Segundo foi ontem tornado público, uma alegada dívida fiscal do filho, TiagoVieira, estará na origem das suspeitas de favores prestados ao juiz Rui Rangel, também arguido neste processo.

Após o esclarecimento da PGR, o advogado do presidente do Benfica, João Correia, voltou a defender a sua tese inicial, proferida assim que começaram a ser publicadas sobre este processo: “Luís Filipe Vieira não é arguido, ponto final”.

Filho nega dívida fiscal

Segundo noticiado ontem, Luís Filipe Vieira terá pedido a Rui Rangel que intercedesse junto de outros juízes para resolver uma dívida fiscal do filho a troco de cargos remunerados no Benfica. A dívida de Tiago Vieira era de 1,5 milhões de euros. O presidente do clube terá prometido a Rangel a presidência da Fundação Benfica e um cargo na direção da universidade criada pelo clube no Seixal.

Ontem, em comunicado, o filho do presidente do Benfica afirmou que não tem qualquer dívida com a autoridade tributária. “É falso que o processo referido e pendente do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra tenha a ver comigo, sendo também totalmente falso que diga respeito a uma dívida fiscal que tenha com a autoridade tributária”

Tiago Vieira disse ainda que o processo “diz respeito ao IRS do meu pai, Luís Filipe Vieira, referente ao ano Fiscal de 2010, e trata-se de um contencioso sobre uma verba que foi integralmente paga por ele, enquanto contribuinte”, explicando que “decorre hoje uma ação judicial junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra no valor de imposto superior a 1,6 milhões de euros, integralmente pago”.

O que está em causa

Na passada terça-feira de manhã, a Polícia Judiciária realizou várias buscas na residência do juiz desembargador Rui Rangel por suspeitas dos crimes de “recebimento indevido de vantagem, corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal”.

Ao todo, foram realizadas 33 buscas, das quais 20 domiciliárias. Entre os locais abrangidos pelas diligências estão as instalações do Sport Lisboa e Benfica, a casa de Luís Filipe Vieira, as residências de Rui Rangel e Fátima Galante e três escritórios de advogados. 

Esta investigação surge após vários indícios de crime recolhidos durante a Operação Rota do Atlântico, caso em que o empresário José Veiga e Paulo Santana Lopes foram investigados por suspeitas “de corrupção ativa no comércio internacional, branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal qualificada”.

A ligação a este caso surgiu após buscas ao escritório de José Santos Martins: as autoridades terão descoberto milhares de euros provenientes de José Veiga depositados na conta do filho do advogado – a investigação suspeita que este montante tinha como destino Rui Rangel.