Pois bem. Estão terminadas as eleições no PSD e Rui Rio é, ainda que isso continue a ser de difícil digestão para muitos, o novo líder social-democrata.
E como sobre a sua capacidade política de colocar o partido e o país nos caminhos que, em campanha, disse querer trilhar haverá certamente tempo para escrever, o que agora se torna preocupante é ver que muitos dos que ferozmente combateram pela sua derrota continuam a querer forçar a sua presença no partido perante a sua vitória.
Não que pareça haver dúvidas de que Rui Rio tratará facilmente desse problema, mas a tristeza intelectual deste facto reside nisso mesmo: ir ter de ser Rui Rio a “convidar” pessoas a sair dos lugares onde se encontram, e não serem essas mesmas pessoas a perceber que na política há ciclos e que, por sua iniciativa, deviam retirar-se. Mais: chega a ser caricato, e até a cheirar a mofo, a circunstância de todos quantos eram fervorosamente defensores de Pedro Santana Lopes virem agora com pomposas declarações pela unidade do partido.
Quer dizer… não bate a bota com a perdigota. É manifesta-mente impossível que todos quantos, na sexta-feira, queriam ver Rui Rio longe da São Caetano à Lapa se transformem agora nos que, com sorriso rasgado, lhe abrem as portas da sede. Sejam coerentes, coerentes e íntegros, porque viver a fazer fretes intelectuais só para garantir lugares e poleiros deve ser uma sensação realmente degradante.
E é por isso que a política, enquanto ciência social e humana, se encontra nesse mesmo estado de degradação. Sejam transparentes. A política tem de deixar de ser uma carreira. Tem de passar a ser uma vocação daqueles que, sendo mais competentes por terem uma carreira profissional própria, decidem depois colocar ao serviço do país as suas ideias e projetos. Chega de jogos viciados.
Quem quer andar na política tem de perceber que nela se deve entrar e sair, e não, como é paradigma atual, nela se eternizar. Desta forma, que percebam todos quantos não queriam Rui Rio no partido que é chegada a hora de desampararem a loja. Voltem, sem problema, mas noutra altura.
Escreve à sexta-feira