Talvez não seja assim tão raro

Talvez não seja assim tão raro


Mete nojo o tom francamente agressivo, convencido, inadequado, indecoroso, indigno até com que a presidente da Raríssimas surge nas gravações reproduzidas


Na presente semana e pelos meios de comunicação social, tomou Portugal conhecimento de comportamentos e práticas bem reveladoras do estado em que o Estado está e dos níveis éticos por que pugnam certos dirigentes políticos ou instituições que vivem do dinheiro que o Estado lhes entrega e que, por sua vez, lhe é entregue por todos nós, contribuintes.

Assim, a primeira consideração prévia a tecer é que, para efeitos legais, não se está a afirmar que os envolvidos no escândalo Raríssimas são ou não, de facto, culpados do que quer que seja. Desse juízo encarregar-se-ão as instâncias devidas, não sendo este o espaço e o momento para o fazer. Mas há realmente uma constatação que pode ser feita. É uma vergonha!

Tudo a quanto se assistiu nas televisões, seja a apresentação de documentos que claramente deixaram incomodados e sem resposta os seus intervenientes, seja as gravações em que pomposamente intervém a presidente da associação, tudo é uma vergonha.

Desculpar-me-á o leitor o termo menos elegante mas, efetivamente, mete nojo. Mete nojo o tom francamente agressivo, convencido, inadequado, indecoroso, indigno até com que a presidente da Raríssimas surge nas gravações reproduzidas.

Outro assunto será se, na ótica jurídica e da sua defesa, essas mesmas gravações terão utilidade processual, mas disso igualmente tratarão os tribunais. Agora, o resto? Aos olhos de um qualquer cidadão que vê o que foi mostrado? E com a agravante de se tratar de uma associação cujo destino são pessoas tocadas pelo infortúnio de patologias graves e raras. Que vergonha! A presidente da Raríssimas, pelas conversas que as gravações apresentam, demonstrou não ter o menor nível e intelecto para dirigir uma qualquer associação do jogo da sueca, quanto mais uma instituição com a importância e missão da Raríssimas.

É, de resto, também por isso que choca o argumento que utilizou para sair de cena. Dizer que sai porque a sua presença poderia manchar o nome da associação só pode ser puro gozo.

Escreve à sexta-feira