Se uns crimes deixaram de o ser, outros há que passaram a implicar penas de prisão efetiva. É o caso da violência doméstica, que outrora era vista como um assunto doméstico e que agora, e bem, é criminalizada. As sociedades evoluem e vão percebendo como alguns preconceitos são absurdos e que não faz grande sentido gastar meios e dinheiro com costumes enraizados nas populações.
Esta semana, o BE fez saber que quer levar à Assembleia da República a legalização da canábis até ao final da legislatura. A proposta dividir-se-á em dois aspetos: o uso medicinal e o recreativo. Parece lógico que um partido que tanto defende as questões fraturantes se lembre de cumprir com o prometido, já que a medida fazia parte do programa eleitoral do Bloco
Em primeiro lugar, diga-se que todos os estudos confirmam que largos milhares, para não falar em milhões, de jovens e menos jovens consomem a substância. Quase todos os dias, o “Correio da Manhã” noticia que mais uma pessoa foi detida por ter no seu quintal uma pequena plantação de canábis, como se isso fosse um perigo para a sociedade. Para alguns juízes, isso é muito mais grave que agredir um polícia, por exemplo.
A possível legalização irá aliviar as prisões e poderá contribuir para uma maior informação da população. Afinal, a canábis está cada vez mais “carregada” da substância ativa, contribuindo para uma maior dependência dos jovens que, em muitos casos, acabam por se tornar paranoicos. Se o cultivo for permitido, seguramente que a canábis será menos forte, já que aquela que é cultivada ao ar livre é menos prejudicial do que a produzida em estufas com luz artificial. E, convenhamos, faz algum sentido, em pleno séc. XXI, mandar para a prisão pequenos “agricultores” de canábis?