Sérgio Conceição: “O José Sá tem um problema: tem a barba muito grande…”

Sérgio Conceição: “O José Sá tem um problema: tem a barba muito grande…”


O treinador do FC Porto atirou-se ao Benfica para defender o guarda-redes lançado em Leipzig, fazendo o paralelismo com Svilar: “A outro com cara de menino, com borbulhas, que ainda nem tem barba, tudo lhe é desculpado”


A discussão em torno dos guarda-redes foi o tema central da conferência de Imprensa de Sérgio Conceição para a antevisão ao jogo deste sábado com o Paços de Ferreira. O treinador do FC Porto não gostou de ver questionada a sua decisão de dar a titularidade a José Sá em Leipzig, com Casillas a ir para o banco, e aproveitou ainda para dar algumas alfinetadas ao Benfica, aludindo a um alegado protecionismo da Imprensa desportiva para com Svilar – que tal como José Sá, falhou no jogo da Champions.

"O José Sá tem um grande problema: tem a barba muito grande. Se calhar é por isso que toda a gente escreve que o José Sá deu um frango. A outro com cara de menino, com borbulhas, que ainda não tem barba… Talvez seja por isso que tudo lhe é desculpado. O José Sá é português! Depois do Rui Patrício é o guarda-redes com mais qualidade para assumir a baliza de Portugal e em vez de o defenderem, sacrificam-no! Toda a gente o massacra! Num jornal vem 'frango de José Sá…'; noutro vem 'Perdoado' [falando de Svilar]. Se é por causa da barba, já o mandei cortar a barba", disparou o técnico portista, antes de se debruçar sobre a questão da perda de titularidade de Casillas: "Se nunca disse quem ia jogar no dia seguinte, por que haveria de o fazer agora? Já disse que o Casillas ficou de fora por opção técnica. Eu sempre disse que todos os jogadores no FC Porto, todo o plantel, está à disposição e está em condições de competir por um lugar na equipa. Só assim formamos, dentro de um plantel, um grupo competitivo no trabalho diário. Tem a ver com o quem é o adversário, com as características dos jogadores e com o que foi a semana de trabalho de cada um. Tem de haver competitividade interna. Se não, não temos um plantel forte e não temos jogadores a tentar lutar por um lugar na equipa. A competitividade tem tudo a ver comigo como líder. Há outros que se calhar valorizam o estatuto, os olhos, a cor da pele… Eu não. Eu sento-me à frente do nosso presidente nos estágios e vejo à frente uma pessoa que tem 58 títulos. É inigualável. A única grande referência que existe no nosso clube é o presidente. O Júlio César [do Benfica], por exemplo, tem 26 títulos e não vejo ninguém a questionar que ele tenha ficado no banco!"

A discussão em torno de Casillas continuou, levando mesmo Sérgio Conceição a aventar (ironicamente, claro está) a hipótese de chamar… Vítor Baía. "O Casillas tem tido um comportamento irrepreensível. Escreveu-se que era um problema disciplinar? Isso é ridículo. Se fosse um problema disciplinar, ele nem estava nos convocados. Não entendo este alarido todo. Não houve telemóvel, não houve discussão, nada. Se quiserem, chamo o Casillas aqui no final e pergunto-lhe se tem algum problema com o treinador. E ele responde que não, como respondeu à frente de todo o grupo. No que o Casillas é como pessoa no dia-a-dia não tenho nada a apontar. Não escolho pelos títulos, se não chamo o Vítor Baía que ainda tem mais títulos e vem para aí de muletas. Escolho por aquilo que são as características do jogador e o que são as características do adversário. O FC Porto não é gerido de fora para dentro. Aqui estatuto é igual a rendimento. Posso tomar uma opção; ou não?", atirou, encerrando o assunto.

Em relação ao jogo com o Paços, Conceição garantiu não esperar facilidades perante um "um adversário difícil". "Vêm tentar complicar ao máximo a nossa tarefa, mas já estamos habituados naquilo que é o nosso campeonato a ter de driblar essa possibilidade, vontade e missão do adversário", salientou, dando a derrota em Leipzig como um assunto ultrapassado: "É verdade que não esperávamos esta derrota contra esta equipa alemã. Já faz parte do passado, dissecámos ao máximo aquilo que foram os muitos erros que cometemos, a equipa que não fomos e normalmente costumamos ser no campeonato e mesmo na Liga dos Campeões. Faz parte do passado, passado recente que temos de olhar para corrigir alguns erros das muitas coisas que não correram bem. Fechar aquilo que é a cortina da Liga dos Campeões. Vivemos neste constante recomeço. Queremos dar uma resposta positiva no campeonato, já neste jogo, e depois, quando recebermos o Leipzig, vamos dar uma resposta ao nível do que é a grandeza deste clube. Vamos dar uma resposta para mostrar o que é o FC Porto na Liga dos Campeões também."

Pedindo mais uma vez desculpa por, no final do jogo na Alemanha, não ter cumprimentado os adeptos que fizeram a viagem para apoiar a equipa – "É correto e bonito pedir desculpa. Não tive a capacidade de me abstrair do jogo. Mal terminou, fui cumprimentar os jogadores e vim embora a pensar no jogo. Estamos sempre à procura da perfeição. Não tenho outras desculpas. Não há. Quando me lembrei de voltar atrás e ir ainda ao relvado era tarde de mais" -, Sérgio Conceição terminou a conferência com três notas de solidariedade. Natural de Coimbra, o treinador portista enviou uma palavra de conforto para todas as famílias das vítimas dos incêndios que assolaram Portugal esta semana e também ao jogador Bernardo Tengarrinha, antigo jogador do FC Porto, a quem foi diagnosticado um linfoma e que, por essa razão, suspendeu a carreira aos 28 anos. Conceição lembrou ainda que outubro é o mês dedicado à prevenção do cancro da mama, comunicando que o FC Porto se associa ao movimento "Onda Rosa" da Liga Portuguesa Contra o Cancro.