De Tavira a Vila Real de Santo António. No meio está a virtude, mas esta ponta é perfeição

De Tavira a Vila Real de Santo António. No meio está a virtude, mas esta ponta é perfeição


Se quer um Algarve longe da loucura das noites de Albufeira, dos prédios de Armação de Pera ou dos areais cheios de Portimão, é para aqui que tem de vir. De Tavira a Vila Real de Santo António, vai-se de barco ou comboio para a praia  e comem-se dois pratos que deviam ser elevados a património nacional:…


1. Praia da Terra Estreita

Se é para começar em Santa luzia, comece em grande. Vá com tempo para passear pela marginal e faça uma espécie de rali por todas as tasquinhas, que oferecem o melhor polvo do país. E nem pergunte onde é servido o melhor de todos. “O melhor? Oh menina, aqui é bom em todo o lado.” Se é assim, ficamos mais um bocado, até porque a viagem até à praia é perfeita para dar um tempo extra à digestão. O barco para a Terra Estreita custa 2 euros – ida e volta a um areal que escapa às multidões. Mas há opções mais longas e completas. A Rota do Atum custa 35 euros, mas segue um caminho que começa e acaba em Santa Luzia, com passagem pela Terra Estreita, Quatro-Águas e Tavira. 

Santa Luzia, Tavira

 

2. Restaurante Noélia e Jerónimo

Uma vez, noutros campeonatos gastronómicos, Noélia confessou ao i que, durante os meses de Verão, a espera para ter um lugar à mesa pode chegar a um mês. Para muitos, “arroz de limão com robalo e amêijoas” são palavras mágicas e dão o mote para rumar a sul e só parar no último restaurante do paredão de Cabanas de Tavira. É no Noélia e Jerónimo que este prato é rei, mesmo que nesta monarquia a escolha das especialidades seja bem democrática. Afinal, a votos estão iguarias como as pataniscas de polvo com arroz de coentros, canja de conquilhas e polvo trapalhão com batata-doce. Nas sobremesas mantém-se a qualidade e preferência por produtos da terra. E já que é tão difícil arranjar lugar, é para aproveitar ao máximo. Venha daí essa tarte de alfarroba.

Rua da Fortaleza Loja G, Cabanas

 

3. Restaurante Ideal

Se for ao Ideal, vá por nós e nem peça para ver a ementa. “Uma sopa de peixe, por favor” é a frase obrigatória neste espaço que nos dá a sensação de casa. O caldo é (bem) servido dentro de um pão e vem rico em peixes e mariscos, para fugir à norma daqueles caldos aguados com uma gamba para contar a história a que muitos insistem chamar por este país fora de “sopa de peixe”. 
Com o pão a fazer de cama a este prato, de sopa se faz açorda e, por isso, duvidamos que haja barriga para mais. Mesmo assim, aqui ficam algumas sugestões: polvo entomatado com puré, petinga frita com arroz de tomate ou barriga de atum grelhada. Preço médio desta brincadeira? Vinte euros e ainda prova o vinho da casa.

Rua Infante Dom Henrique 15, Cabanas

 

4. Cacela Velha

Esta aldeia parece feita com bocados de Santorini, Óbidos e Algarve, até porque aqui não se come moussaka nem se bebe ginja. O prato principal são as ostras que, além da garantia de serem da ria Formosa, custam apenas um euro.

Na Casa da Igreja, situado obviamente ao lado da igreja de Cacela Velha, não há requintes nem ementas elaboradas. Há, sim, bancos corridos e quase sempre cheios de quem sabe que aqui a escolha não é muita, mas sempre acertada. Além das ostras, que comidas ao fim da tarde e acompanhadas por uma imperial gelada ganham outro sabor, há amêijoas, camarão e chouriço assado. Peça a próxima em copo de plástico e abeire-se do muro que serve de limite à aldeia: a ria Formosa vista daí é ainda mais incrível.

Vila Nova de Cacela, Vila Real de Santo António

 

5. Praia Verde

O Algarve pode ter praias dignas de prémio, mas a paisagem longe da costa facilmente se torna árida. É por isso que entrar na estrada que nos leva à Praia Verde serve para respirar fundo e aproveitar o verde que temos à volta.
Mas antes mesmo de chegar a um areal a perder de vista, o pitoresco desta praia começa ainda no parque de estacionamento, onde se montam barracas com o que de mais típico o Algarve tem para oferecer: figos, laranjas, licores e alcagoitas. Típicas do Algarve, mas ainda não sendo consideradas um produto regional, são as discotecas, e aqui também as há. No Clube Praia Verde, as festas duram até dia 26 de agosto e o encerramento está a cargo de DJs com nomes sugestivos: Garfield e Nardo.

Castro Marim

 

6. Guarita Terrace

Este ano experimentaram pela primeira vez manter o restaurante e bar abertos durante o inverno. Funcionou e, por isso, tem mais que tempo para vir cá provar os cocktails feitos por aquela que foi considerada a melhor barmaid do país. Mas atenção: a criatividade de Flavi Andrade faz com que a carta mude constantemente. Esta tem apenas um mês e conta com duas bebidas no top das mais pedidas e que têm em comum um dos frutos mais característicos do Algarve: o “Nymphicos”, que leva Licor Beirão, sumo de limão e figos, e o “Com Elas”, que leva também figo, desta vez com whisky, licor de ginja e Campari. E são misturas destas que fazem com que seja um dos seis bares em Portugal com lugar no concurso internacional de cocktails World Class Embassy.

Urbanização Praia Verde, Castro Marim

 

7. Feira Medieval de Castro Marim

São cinco dias em que esta vila é tomada de assalto pela era medieval. De 23 a 27 de agosto há animação de rua, trocas comerciais, teatro, concertos e banquetes dignos de outras épocas.
Os residentes do concelho de Castro Marim têm acesso gratuito a todo o evento, mas para os restantes há que comprar bilhete e os preços variam consoante as vontades. Se quiser ir só um dia ao mercado, são três euros; se preferir o passe geral, o preço sobe para 50 euros mas dá direito até a banquete na mesa real. A organização prevê que Castro Marim se transforme “numa página arrancada de um livro de História”. E tendo em conta que esta é já a XX edição, eles sabem do que falam.