Três manifestantes venezuelanos foram abatidos a tiro na madrugada de sábado para este domingo, horas antes do arranque das eleições para a controversa Assembleia Constiuinte com que Nicolás Maduro parece querer agarrar-se ao poder. As três vítimas protestavam contra o governo em Los Andes no momento em que foram atacadas por homens encapuzados, armados e em motorizadas, aparentemente parte dos “coletivos” que combatem em nome do governo.
As mortes em Los Andes (no oeste) não foram o único sinal de violência durante a madrugada. Henry Ramos Allup, deputado e secretário-geral do partido de oposição Ação Democrática, noticiava ao final desta manhã a morte de Ricardo Campos, um dos líderes da organização juvenil do partido. “O regime assassino disparou contra Ricardo Campos”, disse Allup, convocando um protesto em nome do jovem em Caracas.
Segundo o jornal “El Nacional”, durante a madrugada manifestantes antigovernamentais ocuparam centros eleitorais um pouco por todo o país, provocando estragos e incêndios na tentativa de travar o voto polémico. Em Caracas, o centro do voto oposicionista, a Guarda Nacional Bolivariana carregou sobre grupos de manifestantes, disparando granadas de gás lacrimógeneo – que, lançados na horizontal, causam ferimentos graves e mortes.
A violência apenas aumantará ao longo dia. Este domingo é o desfecho de meses de violência e protestos contra o governo de Maduro, insistiu contra oposição e comunidade internacional em fazer eleger uma Constituinte a que praticamente só concorrem simpatizantes e militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), embora o governo tenha proibido candidaturas em nome de partidos – estratagema para evitar que os resultados assinalem a sua fraca popularidade.
Morreram já 115 pessoas desde que os protestos começaram, em abril, e este domingo combinam-se vários elementos possivelmente explosivos. Maduro enviou mais de 200 mil soldados para as ruas e proibiu a realização de manifestações. Apesar disso, a oposição convoca para o final da manhã local uma grande operação de bloqueio de ruas e protesto contra o voto, para onde se esperam dezenas de milhares de pessoas apenas em Caracas.
Maduro votou na abertura das urnas, às seis da manhã locais, dizendo querer ser o “primeiro voto pela paz, pela independência e soberania da Venezuelana e pela tranquilidade futura”. “Chova, troveje ou haja relâmpagos, a Constiuinite avança”, escreveu mais tarde no Twitter, apelando ao voto. A arquitetura eleitoral favorece muito o seu oficialismo, mas uma grande percentagem de abstenção pode corroer a legitimidade do voto.