EUA. Trump regressa a casa e à trama russa

EUA. Trump regressa a casa e à trama russa


O filho mais velho do presidente encontrou-se com uma advogada russa que prometia informações comprometedoras sobre a rival Clinton.


O presidente americano regressou a Washington no sábado e não demorou muito até ver-se confrontado com novos desenvolvimentos da trama russa e calçar as luvas de pugilista que o levaram até à Casa Branca.

No domingo revelou-se que o filho mais velho do presidente americano se encontrou em junho do ano passado com uma advogada russa depois de esta lhe prometer informação comprometedora sobre Hillary Clinton, na altura a adversária democrática do seu pai.

O encontro, que reuniu outros altos responsáveis como o genro de Trump e conselheiro Jared Kushner, e o ex-gestor da campanha republicana Paul Manafort, foi noticiado pela primeira vez no sábado sem que se conhecesse ainda o conteúdo da conversa.

Agora, porém, parece haver uma primeira indicação de que pelo menos a campanha esteve interessada em ouvir informações possivelmente originadas no governo russo, o que vai ao centro mais alarmante da investigação às intereferências do Kremlin nas eleições do ano passado: uma possível colaboração entre os serviços secretos russos e a equipa de Trump que eles quiseram beneficiar.

Explicações

As notícias foram dadas pelo “New York Times” e geraram uma onda de respostas e correções de respostas passadas que ainda se desenrolava esta segunda-feira.

O filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr, reconheceu no sábado ao diário nova-iorquiano que de facto se encontrara com Natalia Veselnitskaya em junho e que discutira com ela sobretudo temas relacionados com a adoção de crianças russas.

No domingo, no entanto, dia em que o “Times” revelou que a razão do encontro foi a promessa de material comprometedor sobre Hillary Clinton, o filho mais velho do presidente disse que Veselnitskaya falou apenas brevemente sobre suspeitas de que o governo russo estivesse a financiar a campanha democrata mas que o fez de forma “vaga” e “ambígua” e passou imediatamente para o tema da adoção – causa que lhe é conhecida.

“Tornou-se rapidamente evidente de que ela não tinha informações relevantes”, escreveu esta segunda Trump Jr num comunicado.

Ligações

As cinco fontes ouvidas pelo diário nova-iorquino asseguram que Donald Jr esperava realmente receber informações importantes e que por isso convocou Jared Kushner e Paul Manafort para estarem na reunião, sem informá-los sobre o tema, segundo conta.

O encontro tinha muito para ser produtivo. Foi marcado por um intermediário chamado Rob Goldstone, um antigo jornalista britânico que colaborou com os Trump no concurso de modelos Miss Universo de Moscovo.

Goldstone, no entanto, agia em nome de uma outra figura com ligações ao Kremlin e que identificou esta segunda como sendo Emin Agalarov, uma estrela de pop russa e pareceiro numa empresa de construção que construiu com o seu irmão mais velho, Aras, que foi galardoado com a Ordem de Honra pelas mãos de Vladimir Putin uma semana antes do concurso da Miss Universo.

Pressionado com as notícias sobre o seu filho mais velho, o presidente americano recuou publicamente no projeto polémico de construir um mecanismo com Moscovo que impeça novos ataques digitais em periodos eleitorais – até congressistas republicanos diziam no fim de semana que isso seria o equivalente a pôr a raposa no galinheiro.

Esta segunda-feira, aparentemente alimentado por um relato duvidoso da estação conservadora Fox News, Donald Trump (pai) passou ao ataque e culpou o ex-diretor do FBI, James Comey, de ter enviado informação secreta a jornalistas – o caso do seu despedimento está também imerso no tema russo.

“Isso é tão ilegal”, lançou o presidente no Twitter, sem provas ou esclarecimentos das ações de Comey.