Os preços dos combustíveis descem hoje para valores semelhantes aos de 2016. A determinar a queda está a desvalorização dos preços do petróleo nos mercados internacionais, apesar dos esforços dos países produtores para equilibrar a oferta e a procura e fazer subir os preços. O menor nível de importação por parte da China é outra dificuldade neste objetivo.
A descida deverá rondar meio cêntimo por litro quer do gasóleo, quer da gasolina.
Segundo os dados disponibilizados pela Direção-Geral de Energia, a descida na gasolina coloca o preço do litro em 1,378 euros, o valor mais baixo desde novembro de 2016. No caso do gasóleo, a redução é para os 1,136 euros por litro. Este será o valor mais baixo desde setembro de 2016.
O valor tem em conta a evolução média dos derivados do petróleo – gasolina e gasóleo – e a evolução do euro.
Cotações variáveis
As cotações podem, no entanto, variar nos postos de abastecimento, uma vez que o preço fixado na rede considera também a concorrência ou os custos fixos de cada bomba.
Depois de impostos, o preço médio da gasolina de 95 octanas praticado em Portugal é o sexto mais caro em toda a UE. Já o gasóleo ocupa a nona posição entre os 28 países do espaço comunitário.
42 dólares
A descida do preço do petróleo tem sido uma tendência e, no final da semana, o preço do barril tinha reduzido para os 42 dólares, o valor mais baixo desde novembro do ano passado, mês em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) acordou cortar a produção em 1,8 milhões de barris por dia (bpd) nos seis meses com início em janeiro.
No início de maio foi anunciada a decisão de prolongar os cortes até março de 2018 para fazer com que o preço fique acima dos 50 dólares por barril.
No entanto, a Agência Internacional de Energia (AIE) revelou que a nova produção por parte de concorrentes da OPEP – como, por exemplo, a produção de petróleo de xisto da América do Norte – será mais do que suficiente para atender à procura no próximo ano, o que limita os esforços do cartel para fazer diminuir a oferta e, assim, conseguir aumentar o preço.
Os especialistas apontam mesmo para que uma recuperação dos preços da matéria-prima só acontecerá a mais longo prazo.
O petróleo está numa tendência que poderá, numa situação de maior risco, chegar aos 30 dólares, e a expetativa é que se fixe mais próximo dos 40 dólares do que dos 50 dólares nos próximos tempos.
China baixa procura
A perspetiva dos analistas é também motivada pela diminuição da importação por parte da China.
O gigante asiático, que é, desde 2014, o maior importador mundial de petróleo, consumindo 6,5 milhões de bpd, prepara–se para diminuir em pelo menos 10% a sua importação de petróleo durante o verão.
Até agora, a China manteve a sua política de compra, usando a diminuição dos preços para ampliar as reservas. No entanto, as principais refinarias do país pararam grande parte das suas operações.
Mas não é apenas na China que se verifica esta situação. Segundo a agência Reuters, quase 10% das refinarias a nível mundial debatem-se com a mesma questão e os produtores da África ocidental e da Europa já sentem a redução das encomendas. A consequência é uma baixa de preços.