Os incêndios e o poder público


O tempo passa da tragédia e é tempo de pensarmos friamente no que aconteceu. Dezenas de pessoas morreram, outras mais ficaram feridas, muitas mais ainda perderam tudo o que tinham, não só casa, móveis e roupa, mas mulher, marido, filhos, pais, irmãos, família. 


Enquanto o governo se perde em negócios onde não devia estar e as autarquias se distraem com festas que qualquer associação de moradores ou comerciantes organiza, a prevenção dos incêndios, a limpeza das margens das estradas e dos terrenos à volta dos postes de eletricidade são negligenciados. 

Este trabalho não é fácil, não é festivo nem popular, é feito na sombra e, por vezes, não rende votos, mas tem de ser feito porque é para isso que serve o poder público. Para nos servir. E, neste caso muito particular da floresta, escutar especialistas que defendem a sua diversidade com outras espécies que não sejam combustíveis, bem como o desenvolvimento de atividades económicas que a explorem e a limpem.

É tempo de pensarmos que tipo de governação queremos. A que eu valorizo é a discreta que apresenta resultados. Quando nos dizem que a causa do incêndio foram as condições atmosféricas atípicas, sou forçado a concluir que, em dias de calor, não é seguro estar em boa parte do interior do país. É inaceitável que, como referiu ao “ECO” Henrique Pereira dos Santos, o território esteja cheio de torneiras do gás acesas. Devemos exigir explicações sobre o que falhou, repensar a estratégia seguida e agir em conformidade. Desta vez, sem complacências de qualquer espécie. 

 

Advogado. Escreve à quinta-feira 


Os incêndios e o poder público


O tempo passa da tragédia e é tempo de pensarmos friamente no que aconteceu. Dezenas de pessoas morreram, outras mais ficaram feridas, muitas mais ainda perderam tudo o que tinham, não só casa, móveis e roupa, mas mulher, marido, filhos, pais, irmãos, família. 


Enquanto o governo se perde em negócios onde não devia estar e as autarquias se distraem com festas que qualquer associação de moradores ou comerciantes organiza, a prevenção dos incêndios, a limpeza das margens das estradas e dos terrenos à volta dos postes de eletricidade são negligenciados. 

Este trabalho não é fácil, não é festivo nem popular, é feito na sombra e, por vezes, não rende votos, mas tem de ser feito porque é para isso que serve o poder público. Para nos servir. E, neste caso muito particular da floresta, escutar especialistas que defendem a sua diversidade com outras espécies que não sejam combustíveis, bem como o desenvolvimento de atividades económicas que a explorem e a limpem.

É tempo de pensarmos que tipo de governação queremos. A que eu valorizo é a discreta que apresenta resultados. Quando nos dizem que a causa do incêndio foram as condições atmosféricas atípicas, sou forçado a concluir que, em dias de calor, não é seguro estar em boa parte do interior do país. É inaceitável que, como referiu ao “ECO” Henrique Pereira dos Santos, o território esteja cheio de torneiras do gás acesas. Devemos exigir explicações sobre o que falhou, repensar a estratégia seguida e agir em conformidade. Desta vez, sem complacências de qualquer espécie. 

 

Advogado. Escreve à quinta-feira