Há 50 anos começava a Guerra dos Seis Dias. Há 50 anos, Israel foi atacado pelo Egito, Jordânia e Síria. Há 50 anos começava a desenhar-se uma estrondosa vitória do Estado judeu. Uma vitória que permitiu a libertação e a reunificação de Jerusalém, capital de Israel ontem, hoje e amanhã. Uma vitória que levou Israel até ao rio Jordão. Uma vitória irreversível que, seis anos depois, seria confirmada na Guerra do Yom Kipur contra os mesmos inimigos.
As comemorações da vitória na Guerra dos Seis Dias são este ano ainda mais importantes com o apoio incondicional dos EUA a Israel. Para trás ficam oito anos em que um presidente norte-americano, talvez um dos piores da história do país, fez tudo o que podia e não podia para enfraquecer Israel e dar força aos seus inimigos. Um presidente que se despediu da Casa Branca com um presente de mais de 200 milhões de dólares para os seus queridos palestinianos.
Com Donald Trump, tudo é diferente. O presidente dos EUA sinalizou essa mudança de política com dois gestos muito importantes. Incluiu Israel na sua primeira visita ao estrangeiro, algo nunca visto, e foi rezar ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, a primeira vez que tal acontece com um presidente em exercício de funções.
Antes de Israel, Trump esteve na cimeira sunita em Riade, uma confirmação do seu apoio total à guerra contra o Irão e seus aliados, inimigos de Israel, e da sua vontade de denunciar a curto prazo o catastrófico acordo nuclear com Teerão, assinado por Obama, Merkel, Putin e companhia limitada.
A primeira visita de Trump ao estrangeiro deixou perceber muito melhor as razões do ódio, das mentiras e das campanhas sujas de que o presidente americano é alvo desde que ganhou as eleições de 8 de novembro. Para além do desespero dos democratas e da imprensa amiga, tanto norte-americana como europeia, provocado pela derrota eleitoral, são as políticas internas e externas de Trump que apavoram o sistema e os seus habituais lacaios.
É o Médio Oriente e o apoio incondicional a Israel, que vai conhecer a curto prazo novos desenvolvimentos com a transferência da embaixada dos EUA para Jerusalém, a não oposição à construção de habitações num território que é israelita desde a Guerra dos Seis Dias e o fim da ficção de uma solução de paz baseada na existência de dois Estados. É a NATO e a exigência feita aos parceiros dos Estados Unidos, com exceção do Reino Unido, para deixarem de se comportar como parasitas e pagarem o que devem para uma organização obscena que esteve 20 anos a construir uma nova sede que custou mais de mil milhões de euros.
É o medo de verem Trump atirar-lhes com umas tantas verdades à cara, como o fez em Bruxelas e na cimeira do G7 na Sicília. É o pavor de verem Trump cumprir as suas promessas eleitorais, como sair da ficção do Acordo de Paris sobre o clima – uma decisão que provocou várias inundações, tantas foram as lágrimas dos crocodilos falsos amigos do ambiente em vias de extinção – e atirar à cara de Merkel as suas obscenas políticas comerciais. É verdade. O sistema e os seus lacaios, dentro e fora dos EUA, têm acima de tudo medo da verdade e de verem Trump dizer aos quatro ventos que os politicamente corretos que levaram o mundo a esta desgraça vão nus. É por isso que nos EUA há uma nova caça às bruxas, muito idêntica à dos anos 50, que tenta ligar a vitória de Trump aos russos. Nessa altura, o senador McCarthy e a sua equipa tornaram-se célebres e infames pelas investigações agressivas contra o governo federal dos EUA e pela campanha contra todos os que suspeitassem ser ou simpatizar com os comunistas. De 1950 a 1957, todos aqueles que fossem meramente suspeitos de simpatia pelo comunismo tornaram-se objeto de investigações e invasão de privacidade. Pessoas dos media, do cinema, do governo e do exército foram acusadas de espionagem a soldo da URSS. Muitas pessoas viram as suas vidas destruídas pelos macartistas. Algumas suicidaram-se.
A história repete-se agora. Nos anos 50 foi uma tragédia. Hoje é uma farsa montada por encenadores medíocres, representada por atores falhados e políticos derrotados e contada ao mundo por jornalistas especializados em fake news, apertos de mãos mais ou menos fortes, véus no Vaticano e cabelos ao vento em Riade, risos, sorrisos e caretas do argentino feito Papa Francisco, tão amado por ateus e agnósticos. Uma farsa ridícula cheia de gente ridícula.
Jornalista