ARCO Lisboa. Não há como se perder

ARCO Lisboa. Não há como se perder


A ARCO está até domingo de regresso a Lisboa para a sua segunda edição na capital portuguesa, com o Opening, secção dedicada às jovens galerias, como principal novidade deste ano. De resto, 50 galerias de 13 países para visitar ao longo de quatro dias na Cordoaria Nacional. E recomenda-se o quê? Ana Cristina Cachola, Nicolas…


ANA CRISTINA CACHOLA. Pensar o contemporâneo

Pedro Barateiro, Fernanda Fragateiro, Ana Vidigal, Catarina Dias Karlos Gil, Marinella Senatore, para a investigadora e curadora Ana Cristina Cachola, nesta edição da ARCO Lisboa convidada para moderar o fórum “Em que estou a trabalhar?”, todos eles merecem destaque pelo seu trabalho “de grande pertinência estética” ao mesmo tempo que pensam a contemporaneidade. “Todos eles estão também, de forma diferente, num momento fundamental para as suas carreiras e os seus caminhos na relação com Portugal”, explica a docente da Universidade Católica. Ana Vidigal, que está com uma exposição individual na Baginski até 9 de junho, é representada na edição de Lisboa da feira espanhola em dois stands: o da galeria lisboeta e o da espanhola Espacio Mínimo.

“O Pedro Barateiro está a preparar uma exposição individual em Roma, a Fernanda Fragateiro tem tido durante estes primeiros meses do ano uma individual no Fórum Eugénio de Almeida, são artistas que desenvolveram nos últimos tempos um corpo de trabalho muito consistente.” Um percurso quase totalmente português, não fosse a sugestão de uma passagem pelo stand da galeria Pedro Cera, para espreitar a obra da italiana Marinella Senatore.

O percurso:

1. Karlos Gil, na Galeria Francisco Fino (Lisboa)
2. Ana vidigal, na Baginski (Lisboa) e na Espacio Mínimo (Madrid)  
3. Pedro Barateiro, na Filomena Soares (Lisboa) 
4. Fernanda Fragateiro, na Elba Benítez (Madrid)  
5. Catarina Dias, na Vera Cortês (Lisboa) 
6. Marinella Senatore, na Pedro Cera (Lisboa)

Fora da Feira. Exposição “Amar-te os ossos”, de Igor Jesus, na Galeria Filomena Soares

 

NICOLAS DE OLIVEIRA E NICOLA OXLEY. Aquisições imaginárias

Os conselhos de Nicolas de Oliveira e Nicola Oxley, casal de curadores e escritores com base em Londres, não serão só sobre o que visitar. Em dia de pré-abertura de ARCO Lisboa andaram a fazer o que fazem sempre que chegam a uma feira de arte. A adquirir obras mentalmente. “Adquirimos obras mentalmente”, explica-nos Nicolas enqanto continuamos sem perceber. “Na verdade estamos a roubá-las, elas pertencem-nos”, acrescenta Nicola. Às suas memórias, claro, que as peças, podemos assegurar, continuavam nas paredes dos stands no final desse primeiro passeio do casal com várias obras publicadas no campo da arte contemporânea. “O que é interessante aqui que quando estás a caminhar perguntar-te sobre quanto é que custariam as peças”, diz a britânica Nicola Oxley. “E aqui na ARCO Lisboa quando nos disseram quando custavam algumas das peças que queríamos ‘roubar’ pensámos ‘afinal não temos que as roubar, podemos comprá-las’. Fiquei surpreendida com os valores, é raro encontrar em feiras de arte trabalhos interessantes que se possam na verdade comprar. Foi justamente por isso que começámos a fazer esta espécie de ‘roubo’.” Mais ou menos o inverso do que faz Alexandre Lavet, artista francês por cuja obra sugerem um olhar e que fotografa exposições para depois apagar as obras dos espaços.

O percurso:

7. Helena Almeida e João Tabarra, na Filomena Soares (Lisboa)  
8. Jasmina Cibic, na Zak Branicka (Berlim)
9. Stefan Brüggemann, na Parra & Romero (Ibiza/Madrid)  
10. Luís Paulo Costa e João Onofre, na Cristina Guerra (Lisboa)  
11. Miguel Branco, na Pedro Cera (Lisboa)  
12. Ignasi Aballí,  Rita Magalhães e Adelina Lopes, na Pedro Oliveira (Porto)  
13. Reuven Israel, na Fridman (Nova Iorque)  
14. Carlos Noronha feio, na Narrative Projects (Londres)  
15. Alexandre Lavet, na Dürst Britt & Mayhew (Haia) 

 

LUIZA TEIXEIRA DE FREITAS. Pelas novas galerias

Não haveria grande volta a dar para este princípio de visita pela ARCO Lisboa na companhia de Luiza Teixeira de Freitas, curadora independente, aqui convidada para comissariar a secção “As Tables Are Shelves”, pequena feira de livros de artista, edições e posters montada em diálogo com o espaço do Opening, uma nova secção que dá acesso à feira às galerias com menos de sete anos de vida. Será então mesmo por aí que Luiza Teixeira de Freitas decidiu começar a sua sugestão de percurso pela ARCO. “Acho muito importante que haja estas secções, pela oportunidade que dão às galerias mais jovens, que não têm ainda condições financeiras para participar na feira principal, de estarem ali. E aqui ficou incrível com a curadoria do João Laia porque [todo o espaço] parece uma só exposição, as galerias estão todas a conversar umas com as outras.” O resto, depois de uma passagem pelo “As Tables Are Shelves”, será um destacar do trabalho de Cinthia Marcelle, que acabou de receber uma menção honrosa do Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza, e de quem é possível ver duas obras na paulista Vermelho, e também de Francisco Tropa, “um artista que tem visibilidade mas que para a carreira e a quantidade de trabalho produzido podia ser o artista mais importante neste momento a produzir em Portugal”.

O percurso:

16. Opening: Francisco Fino (Lisboa), José García (Cidade do México), Hawaii-Lisbon (Lisboa), Narrative Projects (Londres), Pedro Alfacinha (Lisboa), BWA Warszawa (Varsóvia), Madragoa (Lisboa) e Dürst Britt & Mayhew (Haia)  
17. As Tables Are Shelves 
18. Cinthia Marcelle, na Vermelho (São Paulo)  
19. Francisco Tropa, na Quadrado Azul (Lisboa/Porto)  
20. Rosa Barba, na Parra & Romero (Ibiza/Madrid)  
21. Robert barry na Cristina Guerra (Lisboa) e na Parra & Romero (Ibiza/Madrid)   

 

SÉRGIO FAZENDA RODRIGUES. A arte no espaço

Nem só pela obra dos vale uma visita a uma feira para o arquiteto e curador de arquitetura e artes visuais Sérgio Fazenda Rodrigues. E aqui sublinha a importância que há a dar à 3+1, galeria lisboeta que comemorou agora o seu décimo aniversário e que tem “ao longo dos anos, resultado de um trabalho continuado e de um esforço meritório, vindo a ganhar corpo e destaque”. O resto será quase tudo sobre artistas com obra a refletir sobre o espaço. A começar por Nuno Sousa Vieira (autor de “Prova” e “Contraprova”, por exemplo, em exposição no stand da Graça Brandão), artista a explorar na sua obra o seu espaço de trabalho, sempre reinterpretado, reorganizado. “Ele reinterpreta e reorganiza espaços do seu atelier, cria objetos novos a partir da condição antiga que eles tinham e transporta para o espaço da galeria o que é o seu espaço de trabalho”, explica Sérgio Fazanda Rodrigues que tem na já referida 3+1 uma das suas peças mais queridas desta edição da feira de arte contemporânea de Lisboa. “E-1027 #3”, de Sam Smith, mais uma orba ligada à arquitetura e ao espaço, neste caso à lendária casa E-1027, da arquiteta irlandesa Eileen Gray, com tudo o que teve de polémica com Le Corbusier. Numa série de esculturas, Smith recirou várias partes da E-1027, das quais aqui podemos ver a número três.

O percurso:

22. Tatiana macedo, na Carlos Carvalho (Lisboa)  
23. Rui Calçada Bastos, na Baró Galeria (São Paulo)  
24. Nuno Sousa Vieira, na Graça Brandão (Lisboa)  
25. Sam Smith, na 3+1 Arte Contemporânea (Lisboa)  
26. Pedro Vaz, na Kubik (Porto)  

Fora da feira. “Espantoso, Esquisito”, de Noé Sendas e Jacobo Castellano, na Appleton Square, e “Untitled (orchestral)”,  de João Onofre, no MAAT