Pingou mas não choveu. A apresentação da recandidatura de Paulo Vistas à presidência da Câmara Municipal de Cascais foi ontem, num restaurante do Lagoas Parque, um recinto de escritórios e zona comercial.
A sala encheu e alguns apoiantes chegaram a ter que ficar na esplanada, onde o mau tempo não chegou a passar de chuviscos.
Paulo Vistas falou aos jornalistas, onde comentou as recentes alegações de que Isaltino Morais, seu antecessor, já andara a sondar presidentes de juntas de freguesia para as listas de uma eventual recandidatura sua. Isaltino nega que o tenha feito, admitindo, todavia, que alguns presidentes de junta o sondaram a ele. Ontem, Vistas reagiu. “Ele pode negar o que ele quiser. Já convidou a maior parte dos meus presidentes de junta [que terão recusado] e os que estão aqui podem provar que ele está a mentir”, atirou o autarca, de 45 anos.
Foi o momento mais tenso de um evento que, de resto, correu num tom quase familiar. Houve abraços – no concerto de palmadas nas costas típico destas reuniões –, famílias, beijos, selfies, emoções e até desenvolvimentos políticos. À chegada, Paulo Vistas fez questão de cumprimentar toda a gente, até os repórteres.
A sessão foi aberta por um deputado municipal e ex-presidente de junta, um veterano da causa cívica local: Salvador Martins.
Martins certificou os presentes que “esta associação não está contra ninguém”, recebendo todos aqueles que a queiram apoiar. O nome referente a “ninguém” não foi pronunciado. Não era necessário. “Nós não somos pela confrontação, somos pela solidariedade”, insistiu ainda.
Martins revelou ainda que as listas – à excepção de Vistas, que encabeçará como candidato à presidência da Câmara – ainda não estão elaboradas.
Antes de Paulo Vistas ter oportunidade de tomar a palavra, um membro da audiência levantou-se e roubou à atenção da sala. Era um dirigente da associação de desportistas de Oeiras. “Nós queremos agradecer o terreno que a Câmara nos cedeu, com 17 mil metros quadrados, um lar, um centro de dia e um centro de formaçã”, disse o cidadão, visivelmente comovido e merecendo uma salva de palmas.
Vistas devolveu o sorriso ao homem e afirmou: “A gratidão das pessoas é o melhor salário que posso receber”.
O presidente da Câmara de Oeiras agradeceu a todos os presentes e salientou: “Eu sou de Oeiras, estou em Oeiras e quero continuar a trabalhar em Oeiras”. Vistas nasceu, estudou, casou e trabalhou no munícipio.
Sobre um eventual apoio ao seu movimento, que é independente, o autarca disse: “Nós não somos contra os partidos políticos. Estamos onde sempre estivemos, o nosso partido é Oeiras e, como independentes, temossempre a porta aberta”.
Vistas procurou depois distanciar-se, ainda que indiretamente, de quem o antecedeu na Câmara. “Não sou dono de Oeiras, não estou escondido atrás do estatuto de presidente de Oeiras, não me candidato por ajuste de contas”. De seguida, o recandidato destacou o cumprimento dos compromissos eleitorais que havia estabelecido em 2013, sendo que “não foi um mandato fácil para nenhum autarca” devido ao facto de ter coincidido com o período de intervenção da troika que, do ponto de vista de Vistas, sucedeu devido a um “conjunto de políticas erradas” que conduziram a esse “aumento da dívida e da dependência externa”.
Apesar disso, Paulo Vistas recordou que perante o aumento da carga fiscal, Oeiras teve “o IMI mais baixo de sempre”, perante os cortes nas pensões, Oeiras aumentou a comparticipação de medicamentos para idosos com uma “gestão criteriosa” e de “boa saúde financeira”.
Mesmo com os bons resultados, Vistas considera que “o projeto não está concluído”, na medida em que, para si, as cidades se devem discutir para além dos ciclos eleitorais. A marginal e a zona ribeirinha passarem para a responsabilidade do munícipio são bandeiras que toma como fundamentais, assim como a continuação de uma gestão autárquica “mais transparente e participativa”.
“Estou preparado para todos os combates”, concluiu Paulo Vistas. Os aplausos foram vários e extensos. Saído do púlpito, abraçou a família.
Em declarações à imprensa, Vistas lembrou que “em 2013 toda a gente também dizia que era impossível”. “Eu gosto de vitórias difíceis”, admitiu, confiante. Sobre o eventual apoio do PSD, a resposta foi mais breve. “Isso terá que perguntar ao PSD”, sugeriu, sem descartar a gratidão que tem aos sociais-democratas” pelo garante de estabilidade do executivo de Oeiras”; que foram durante o seu mandato.
“Aguarda pela decisão do PSD. A bem de Oeiras espero que seja uma boa decisão”, terminou sobre o assunto.
No fim, chegou António Saraiva, presidente da CIP, que deixou um forte abraço a Paulo Vistas.
À saída, alguém acendeu um charuto e a esplanada torceu o nariz. O tabaco cubano ainda é, afinal, imagem de marca de Isaltino Morais.