Catarina Martins aproveitou para criticar a aprovação dos salários dos novos administradores da Caixa Geral de Depósitos – recorde-se que António Domingues vai receber cerca de 30 mil euros por mês -, avisando o primeiro-ministro que neste ponto não conta com o apoio do BE.
"Para o BE este não é um assunto encerrado", lançou Catarina Martins.
Os comunistas também deixaram claro que não concordam com o fim da limitação aos salários da administração da CGD, mas Jerónimo de Sousa preferiu atacar a incoerência do PSD que lançou apartes durante os avisos de Catarina Martins sobre o o tema, mas votou hoje em comissão ao lado do PS contra "uma proposta do PCP visando limitar os salários ao salário do primeiro-ministro"
"Aprovaram esses fartos salários", criticou o líder do PCP, dirigindo-se à bancada do PSD.
"No mínimo tenham cuidado com os apartes", avisou Jerónimo.
Acordos questionados
Mas há outro assunto a motivar diferenças entre BE, PCP, PEV e Governo: o acordo comercial com o Canadá que está a ser negociado com a União Europeia.
"Estes acordos comerciais são mais do que acordos comerciais, é retirar soberania ao nosso país", defendeu a líder bloquista, consideerando que "isso é inaceitável".
"O acordo com o Canadá é uma forma de fazer entrar pela janela o que não entrou com o TTIP [acordo comercial com os Estados Unidos] pela porta", afirmou Catarina Martins que aproveitou para lembrar a importância de voltar a negociar os termos do Tratado Orçamental.
Para o fazer, Catarina Martins citou mesmo Manuela Ferreira Leite que assumiu que o Tratado Orçamental é um "nó cego e começa a ser altura de o desatar".
Para Catarina Martins tanto o acordo comercial com o Canadá como o Tratado Orçamental são "são acordos negociados no escuro" e cabe ao Governo "não aceitar limitações à soberania de quem aqui vive"
Um ponto em que BE e PCP estão bem alinhados, com Jerónimo Martins a criticar o acordo comercial com o Canadá também como uma "limitação à soberania" e questionando o que não se sabe.
"Se não há nada a esconder, porquê tanto segredo?", questionou Jerónimo de Sousa, instando o Governo a explicar que garantias terá para aproveitar o acordo e admitindo que não há quaisquer garantias.
De resto, o líder do PCP não compreende como pode a União Europeia ratificar um acordo que foi rejeitado pela Bélgica e como pode Portugal aceitar um acordo que foi afastado pelo governo belga.
Heloísa Apolónia, de Os Verdes, juntou-se ao coro de críticas, argumentanto que este acordo comercial defende "as grandes multinacionais" e põe em causa a soberania nacional, não entendendo o que pode levar o Governo a ratificá-lo.
As críticas das esquerdas foram refutadas pelo deputado do CDS Pedro Mota Soares, que acusou Catarina Martins de alinhar nos mesmos argumentos de Marine Le Pen, a líder da extrema-direita francesa que pede mais protecionismo.
"O comércio internacional com regras é positivo para o desenvolvimento internacional", defendeu também o deputado do PS Eurico Brilhante Dias, afirmando que está garantida a proteção dos direitos ambientais e laborais neste acordo comercial.