Joseph Stiglitz disse há dias que Portugal deve sair do euro. Como Stiglitz é um Nobel da economia que critica as medidas de contenção da despesa com uma linguagem fácil, a imprensa dá-lhe mais atenção que a outros economistas, com um palavreado mais técnico e, porventura, mais aborrecido.
Para Stiglitz, o problema da moeda única é que os países deixaram de poder alterar as taxas de juro e de câmbio para ajustarem as economias. E ficando o BCE limitado à contenção da inflação, não se fixando no crescimento e no emprego, aos Estados restou controlar os orçamentos. Por considerar que tal não é suficiente, Stiglitz diz que Portugal deve sair do euro, dando lugar à política para que se resolvam problemas económicos.
Ora, se erro houve na criação do euro foi com a entrada de países como Portugal e a Grécia. Estes não tinham condições económicas, mas aderiram na mesma. Foi uma decisão política que criou o erro. Uma decisão política como aquela que Stiglitz considera ser capaz de resolver o problema criado.
Se achamos que saindo do euro Portugal encontra o caminho, é porque nos esquecemos que, antes de entrar na zona euro, o caminho era precisamente aderir à moeda única. Este regime estabeleceu-se com esse projecto político. Sair é pôr o regime em causa. É reconhecer que não é possível um desenvolvimento sem salários baixos. É reduzir os cidadãos à vontade ilimitada dos governantes que, quando lhes aprouver, retirarão valor ao nosso dinheiro. Porque o euro é um escudo contra os caprichos dos políticos.
Advogado.
Escreve à quinta-feira