Todas essas conjugações propiciam aquilo que nos possa acontecer, de provável e improvável, num tempo em que as férias cumprem o seu calendário social, e em que procuramos fruir desse raro sentimento de disponibilidade e contemplação. É o sabor do momento, das escolhas que fazemos, porque sim e porque não, e sem termos que dar contas a ninguém. Será esse, afinal, o espírito da chamada “silly season”, a estação tonta, aparvalhada, que não é por acaso assim definida nas ilhas britânicas, porque ali a presença do sol não é habitual ao longo do ano, e a circunspecção dominante da fleuma britânica só se quebra no verão ante a força quente e luminosa do astro-rei. Felizmente não falta sol em Portugal, e o que por cá exista de “silly” no período estival talvez seja mais o resultado desse tempo de liberdade e disponibilidade do que um mero efeito céltico e etilizado da euforia solar.
O que é bom acaba depressa, aproxima-se o equinócio, acabam-se as férias, e fica assim drasticamente reduzida a tolerância social para qualquer parvoíce que possa acontecer. Mas convenhamos que é muito injusto que assim seja. Temos sol o ano inteiro, somos ricos de luz, e isso deveria conferir-nos um inalienável direito à tontice tolerada, no mínimo nove meses por ano. Fica assim devidamente registado o meu eco de revolta, pela canícula e pelo óbvio embaraço da “rentré”.