Esta não é uma matéria consensual na comunidade. Sobretudo se tivermos em atenção que, e com fundamento, vivemos no mundo, e na Europa em particular, tempos conturbados por força do radicalismo islâmico e dos seus recentes ataques em solo europeu. Mas não é só na Europa que isto acontece. É no mundo. Sobretudo no mundo islâmico, onde o radicalismo ceifa diariamente a vida a outros muçulmanos. As manifestações da população na cidade de Manbij, na Síria, aquando da expulsão do Daesh, que controlava o território, são a prova disso mesmo.
Mas a proibição do burquíni ajuda os radicais? Sem dúvida nenhuma, se for no sentido de que incentiva muçulmanos comuns a sentirem-se excluídos. É evidente que, nalguns casos, o uso do burquíni representa uma imposição costumeira violenta sobre a mulher muçulmana. Mas também é admissível que para outros não o seja, circunscrevendo-se, portanto, numa representação de costume e de fé.
Tal como é nas freiras católicas, nas ciganas tradicionais, nos judeus ortodoxos, nas sikh e até mesmo nas hindus praticantes.
Lamentáveis as declarações de Sarkozy, de novo candidato presidencial francês, que se aproveita do medo e da sensação de insegurança de um povo alarmado com os terríveis ataques de que foi vítima. Diz categoricamente que o burquíni é “um ato político, um ato militante, uma provocação”. Tudo isto vindo do homem que passou grande parte do seu mandato preocupado em resgatar de um leilão umas fotos da sua mulher, Carla Bruni, nua, na época em que era modelo.