Estado. Governo vai fazer levantamento dos instrumentos de contratação precários

Estado. Governo vai fazer levantamento dos instrumentos de contratação precários


Grupo de trabalho terá de apresentar relatório até ao final de outubro. Dados servirão para implementar estratégia plurianual de combate à precariedade laboral na Administração Pública.


O governo acaba de criar um grupo de trabalho com o objetivo de “proceder ao levantamento dos instrumentos de contratação” no Estado considerados precários.

O despacho conjunto, publicado em Diário da República na última sexta-feira, começa por recordar que o governo “estabeleceu, como prioridade, a promoção do emprego e o combate à precariedade laboral”. E “uma das vertentes consiste na implementação de uma estratégia plurianual de combate à precariedade que vise limitar o uso, nos órgãos, serviços e demais entidades da Administração Pública e no Sector Empresarial do Estado, de trabalho considerado precário”.

O grupo de trabalho, que será coordenado pelo chefe de gabinete da secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, terá de apresentar o seu relatório final até ao dia 31 de outubro.

Um mês depois do prazo fixado na lei do Orçamento do Estado, a qual estabeleceu no seu artigo 19.º “um prazo de 6 meses para o governo proceder ao levantamento de todos os instrumentos de contratação, nomeadamente contratos emprego-inserção, estágios, bolsas de investigação ou contratos de prestação de serviços, em vigor nos serviços e organismos da Administração Pública e no Sector Empresarial do Estado, para efeitos de definição de uma estratégia plurianual”.

Utilização abusiva No final de 2014, o provedor de Justiça pediu ao ministro do Emprego de então, Pedro Mota Soares, que fizesse “uma avaliação urgente” sobre a utilização dos contratos emprego-inserção  e inserção+ na Administração Pública.

Na origem deste pedido esteve uma queixa da CGTP, que em julho do ano anterior já tinha alertado para os abusos que estavam a ser cometidos pelos organismos públicos que recorriam aos programa de contratação de desempregados para suprir a falta de recursos humanos, violando as regras destes programas.

Segundo o levantamento efetuado pela Intersindical, quase 70% dos desempregados dos cerca de 40 mil contratos emprego-inserção trabalhavam no Estado, nomeadamente nas autarquias e entidades públicas na área da educação, saúde e segurança social.

Na altura, o grupo parlamentar do Partido Socialista apresentou até um projeto de resolução a propor ao governo “a realização urgente de um levantamento exaustivo sobre o recurso, pelos organismos públicos da Administração Pública e todos os outros contraentes, aos “contratos emprego-inserção e contratos emprego inserção+”.