Quando o avião dos jogadores da seleção nacional aterrou em Portugal, três militares da Força Aérea morreram num acidente com um C-130. Foi ali mesmo ao lado do aeroporto da Portela, no Montijo. De Lisboa via-se o fumo negro da explosão.
Nesse momento eu estava doido de alegria com a vitória no Euro 2016. No entanto, com aquele acidente, e sabendo-se até que duas das vítimas morreram heroicamente a tentar salvar o piloto do aparelho, pensei que o senhor Presidente tivesse uma atitude. Faltasse aos festejos ou os fizesse sobriamente, à porta fechada. Na verdade, o senhor sempre é o comandante supremo das Forças Armadas.
Infelizmente, não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, o senhor Presidente preferiu manter o programado, como se nada se tivesse passado, e dar aos jogadores uns papéis simbolizando medalhas. Colocou uma gravata preta, proferiu umas palavras sobre o acontecimento e continuou. Bem sei que a oportunidade era única e o senhor Presidente quer ser popular para mandar no país quando o preço das políticas do governo for apresentado. Mas há limites.
Naquele dia de festa senti vergonha. E isso é imperdoável. Lamento a sua atitude; lamento que tenha discursado para os jogadores com o líder dos comunistas bem atrás de si. Sei que é ambicioso, mas peço-lhe que não se esqueça que a Presidência da República não é uma estação de televisão. Senhor Presidente, ainda faltam cinco anos para terminar o seu mandato. Dignifique-o, se não por si, que seja por Portugal.
Advogado