Os referendos e a força das massas


São os mais jovens a criticar o resultado que os mais velhos lhes impuseram e com que terão de viver o resto das suas vidas.


Quem acompanhe os canais de televisão britânicos notou como até os comentadores favoráveis ao Brexit estão apreensivos. Parece que queriam votar naquele sentido, mas não com aquele resultado. E os efeitos são muitos: baixa dos ratings das agências de notação financeira, queda da libra, saída das empresas da City, possibilidade de desintegração do Reino Unido. Fala-se em milhões que se arrependeram de como votaram. Como é que os fleumáticos britânicos se puseram nesta situação? 

São os mais jovens a criticar o resultado que os mais velhos lhes impuseram e com que terão de viver o resto das suas vidas. São os trabalhadores dos setores mais integrados na União Europeia que criticam o sentido de voto dos que sentem viver à margem da Europa. Este referendo foi a possibilidade de pessoas decidirem o destino, não de um país, mas da vida de pessoas que não conhecem e cujas necessidades ignoram.

O fenómeno repetiu-se até no Partido Trabalhista, quando Jeremy Corbyn, atacado pelos seus deputados, se virou para as massas que, conduzidas por ele, o apoiam. A massificação do voto, que ignora as particularidades das minorias, é o caminho para o poder absoluto dos populistas e radicais. 

Foi Karl Popper quem elogiou a democracia representativa como um dos instrumentos que limitam o poder. Ela previne o poder absoluto da decisão tomada num momento em que o poder passa de uns para outros num mero instante. Para Popper, a democracia representativa prevenia o que aconteceu no Reino Unido. Seria bom que esta fosse uma das lições a tirar do que aconteceu.

Advogado 


Os referendos e a força das massas


São os mais jovens a criticar o resultado que os mais velhos lhes impuseram e com que terão de viver o resto das suas vidas.


Quem acompanhe os canais de televisão britânicos notou como até os comentadores favoráveis ao Brexit estão apreensivos. Parece que queriam votar naquele sentido, mas não com aquele resultado. E os efeitos são muitos: baixa dos ratings das agências de notação financeira, queda da libra, saída das empresas da City, possibilidade de desintegração do Reino Unido. Fala-se em milhões que se arrependeram de como votaram. Como é que os fleumáticos britânicos se puseram nesta situação? 

São os mais jovens a criticar o resultado que os mais velhos lhes impuseram e com que terão de viver o resto das suas vidas. São os trabalhadores dos setores mais integrados na União Europeia que criticam o sentido de voto dos que sentem viver à margem da Europa. Este referendo foi a possibilidade de pessoas decidirem o destino, não de um país, mas da vida de pessoas que não conhecem e cujas necessidades ignoram.

O fenómeno repetiu-se até no Partido Trabalhista, quando Jeremy Corbyn, atacado pelos seus deputados, se virou para as massas que, conduzidas por ele, o apoiam. A massificação do voto, que ignora as particularidades das minorias, é o caminho para o poder absoluto dos populistas e radicais. 

Foi Karl Popper quem elogiou a democracia representativa como um dos instrumentos que limitam o poder. Ela previne o poder absoluto da decisão tomada num momento em que o poder passa de uns para outros num mero instante. Para Popper, a democracia representativa prevenia o que aconteceu no Reino Unido. Seria bom que esta fosse uma das lições a tirar do que aconteceu.

Advogado