Sim ao Brexit. A Europa precisa de um encontrão


A Europa é uma família política disfuncional e cada vez mais perigosa


Há um terrível problema com a defesa de uma saída do Reino Unido da Europa: é provável que isso dê (ainda mais) força aos movimentos de direita e de extrema-direita, xenófobos e racistas, que percorrem o continente, e de que a crise dos refugiados é o exemplo mais terrível. Não tenho grande vontade de estar do mesmo lado da barricada que Nigel Farage, o líder do UKIP. Prefiro estar ao lado do novo mayor de Londres, Sadiq Khan, do que do velho mayor de Londres, Boris Johnson (embora a maluquice de Boris, outrora europeísta, hoje defensor da saída com a mesma convicção, seja sedutora). Mas como tem dito algumas vezes Pacheco Pereira, citando “A Tempestade” de Shakespeare, a miséria familiariza as pessoas com “estranhos companheiros de cama”.

E, na realidade, o que sobra da Europa é a miséria. A União falhou na crise do euro – veja-se o estado da Grécia e a vingança aplicada a Tsipras depois do referendo para se perceber como a chantagem de poderes não eleitos pode rebentar com um país e um povo. E veja-se como, depois de cumprida escrupulosamente a receita que aplicaram a Portugal, os poderes não eleitos vêm agora ameaçar com sanções, não sem que o próprio presidente da Comissão, Juncker, admita a existência de dois pesos e duas medidas quando diz que, em termos de sanções, “a França é a França”.

A Europa é uma família política disfuncional e cada vez mais perigosa. É incapaz de lidar com a crise dos refugiados (a Europa de 1939-45 foi mais eficaz a fazê-lo e estava em guerra) e, dos seus lautos gabinetes de Bruxelas e Estrasburgo (um insulto aos pobres que “dominam”), é incapaz de ultrapassar o ciclo da produção de memes inúteis que a realidade se encarrega de desmentir, como aquele que anuncia desde 2008 que “é preciso mais crescimento e mais emprego”.

A saída do Reino Unido pode produzir um abanão nesta unidade política incapaz. Um encontrão. Um choque. Pode ser que sirva para alguma coisa.


Sim ao Brexit. A Europa precisa de um encontrão


A Europa é uma família política disfuncional e cada vez mais perigosa


Há um terrível problema com a defesa de uma saída do Reino Unido da Europa: é provável que isso dê (ainda mais) força aos movimentos de direita e de extrema-direita, xenófobos e racistas, que percorrem o continente, e de que a crise dos refugiados é o exemplo mais terrível. Não tenho grande vontade de estar do mesmo lado da barricada que Nigel Farage, o líder do UKIP. Prefiro estar ao lado do novo mayor de Londres, Sadiq Khan, do que do velho mayor de Londres, Boris Johnson (embora a maluquice de Boris, outrora europeísta, hoje defensor da saída com a mesma convicção, seja sedutora). Mas como tem dito algumas vezes Pacheco Pereira, citando “A Tempestade” de Shakespeare, a miséria familiariza as pessoas com “estranhos companheiros de cama”.

E, na realidade, o que sobra da Europa é a miséria. A União falhou na crise do euro – veja-se o estado da Grécia e a vingança aplicada a Tsipras depois do referendo para se perceber como a chantagem de poderes não eleitos pode rebentar com um país e um povo. E veja-se como, depois de cumprida escrupulosamente a receita que aplicaram a Portugal, os poderes não eleitos vêm agora ameaçar com sanções, não sem que o próprio presidente da Comissão, Juncker, admita a existência de dois pesos e duas medidas quando diz que, em termos de sanções, “a França é a França”.

A Europa é uma família política disfuncional e cada vez mais perigosa. É incapaz de lidar com a crise dos refugiados (a Europa de 1939-45 foi mais eficaz a fazê-lo e estava em guerra) e, dos seus lautos gabinetes de Bruxelas e Estrasburgo (um insulto aos pobres que “dominam”), é incapaz de ultrapassar o ciclo da produção de memes inúteis que a realidade se encarrega de desmentir, como aquele que anuncia desde 2008 que “é preciso mais crescimento e mais emprego”.

A saída do Reino Unido pode produzir um abanão nesta unidade política incapaz. Um encontrão. Um choque. Pode ser que sirva para alguma coisa.