A luta dos estivadores tem vindo a marcar as últimas semanas. Principalmente por causa da greve, que começou a 20 de abril e levou a uma situação de rutura entre os trabalhadores do Porto de Lisboa e os patrões. O cenário, que implicou mesmo problemas de abastecimento, apenas começou a mudar quando, na semana passada, os estivadores chegaram a acordo com os operadores do porto da capital. Mas, afinal, o que conseguiram? Entre outras coisas, “atingir o objetivo de segurar nos 850 euros o valor do ordenado mínimo portuário”.
“Consideramos o acordo equilibrado, resultado de aproximações mútuas, mas bastante positivo numa perspetiva sindical, considerando os importantes interesses em jogo e as dramatizadas circunstâncias em que tudo decorreu”, sublinha o sindicato.
Um outro problema, que se afigurava o ponto de maior discórdia, estava relacionado com a criação da empresa Porlis, onde os estivadores garantiam ter menos condições e regalias e ordenados mais baixos. “A nossa linha vermelha, da qual nunca poderíamos recuar, era a desativação da ETP [Empresa de Trabalho Portuário] alternativa Porlis, criada para, instrumentalmente, furar greves e conduzir à insolvência da AETPL, que emprega 127 estivadores profissionais para os ceder às empresas de estiva”, garantem ainda.
E os outros portos? Para o sindicato dos estivadores, o acordo conseguido no Porto de Lisboa representa uma vitória. Mas garante que agora é necessário olhar para os outros portos nacionais. “Não podemos deixar de sublinhar que muito há ainda para conquistar, desde logo para os estivadores dos outros portos nacionais, desde Sines a Leixões, desde Aveiro ao Caniçal, passando pelo porto de Setúbal, onde a maioria dos estivadores continuam a sobreviver no limiar da escravatura”, explicam, acrescentando: “Estamos empenhados em colaborar na construção de um grande movimento na sociedade civil para enterrar a precariedade em todos os setores do trabalho, mantemos a convocatória para uma Manifestação contra a Precariedade, no dia 16 de junho.”
O acordo, que vai ser válido por seis anos, foi conseguido na semana passada, depois de uma ronda negocial de 15 horas. Ficou ainda decidido que o novo contrato coletivo de trabalho deverá ser assinado dentro de poucos dias.