Portugal “fez um progresso incrível” nos últimos anos e isso tem de ser tido em consideração no momento de decidir sobre as sanções a aplicar ao país.
Em entrevista ao Jornal Negócios, publicada esta quinta-feira, a comissária europeia para a Justiça, Consumidores e Igualdade de Género, Vera Jourová, admitiu que “as regras são duras e podem gerar situações contraditórias, em que se empurra o país para problemas mais profundos, e ninguém o deseja”.
A comissária garantiu que Bruxelas quer que os “países mantenham uma trajetória positiva e que consigam melhores resultados ao nível da disciplina orçamental. Por isso decidimos adiar a decisão”.
“Tivemos uma grande discussão na semana passada na CE [e concluímos que] não podemos olhar para a fotografia estática, mas atender ao progresso dinâmico do país. E foi assinalado várias vezes que Portugal já fez um progresso incrível, que vai na direcção certa e nós não queremos impor sanções por sanções”, afirmou a responsável checa, admitindo ainda que “a questão das eleições em Espanha” também foi tida em conta.
“Estamos conscientes da sensibilidade desta decisão, que pode influenciar os resultados das eleições. Não podemos fazer de conta que não vemos estas circunstâncias”, disse.
Questionada sobre o que mudará até julho, a comissária europeia respondeu que “haverá mais diálogo entre o vice-presidente Valdis Dombrovskis, o comissário Pierre Moscovici e as autoridades portuguesas, que mostrarão que medidas de curto prazo poderão ser aplicadas ou, pelo menos, de que este é um programa sustentável que vai ser continuado”.
E se chegamor a julho e não houver sanções, o Pacto de Estabilidade não ficará uma vez mais descredibilizado? "Esperamos que haja progressos, ou pelo menos esperamos ficar com a convicção firme de que o progresso vai continuar", respondeu Vera Jourová, defendendo que as regras não podem ser aplicada "de uma forma técnica e puramente burocrática porque eles podem ter implicações políticas".