As negociações entre o Benfica e a PSP para a operação de segurança do final do campeonato, este domingo, estão bloqueadas: o clube não quer pagar o valor que lhe está a ser pedido para que sejam colocados agentes à volta do palco e a proteger as estrelas do clube da Luz.
O Benfica quer mesmo fazer a festa do título no Marquês de Pombal. Nas negociações para a operação de domingo, os encarnados deixaram claro que fazem questão de voltar ao local simbólico onde celebraram as vitórias dos dois últimos campeonatos para, agora, assinalar o “tri” na rua com os adeptos.
Mas o número de elementos (entre chefes e agentes da PSP) que o clube foi chamado a pagar está a gerar um braço-de-ferro com as autoridades policiais. A somar a este diferendo há ainda a dívida do Benfica à PSP referente a parte da época em curso, que os responsáveis policiais acreditam será rapidamente saldada.
Por um lado, a PSP garante o controlo do trânsito no local dos festejos e a segurança dos adeptos que se deslocam ao Marquês de metro ou comboio – essas são duas valências que aquela força de segurança considera estarem enquadradas no serviço público de segurança.
Mas há a outra parte da operação, que engloba, por exemplo, a segurança dos próprios jogadores de futebol na estrutura que vai servir de palco às comemorações. “Há um custo que o clube tem de sustentar” e que tem motivado a contestação dos dirigentes da Luz, segundo o i pode apurar junto de fontes ligadas à negociação.
“Essa é sempre uma questão difícil de resolver”, refere ao i outra fonte ligada à segurança. “O mais complicado é definir até onde vão os constrangimentos causados pelo evento privado e onde começa a operação de segurança com características públicas”, refere a mesma fonte.
“Para nós, o princípio deve ser o de que todos os elementos escalados para aquele dia devem estar no terreno sem outros custos e que o custo com todos os elementos convocados fora do horário de trabalho – em dias de folga ou de descanso – devem ser suportados pela entidade promotora do evento”, defende PauloRodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP-PSP).
Na sexta-feira, ao início da tarde, deverá haver uma conferência de imprensa para que sejam divulgados pormenores sobre a operação de segurança dos festejos, a cargo do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP.
Operação de limpeza
O Benfica tem nas próprias mãos a possibilidade de vencer o campeonato.Mas um deslize (empate ou derrota), conjugado com uma vitória doSporting em Braga, pode levar a taça para o outro lado da Segunda Circular.
Nesse caso, o Sporting viajaria até Alvalade para assinalar o título no seu estádio. Mas mesmo assim, pelo caminho, em caso de vitória, a equipa não deverá prescindir de uma volta de honra pelo Marquês de Pombal.
Em qualquer dos casos, a Câmara de Lisboa – outro interveniente nas negociações – já garantiu que vai respeitar as preocupações das autoridades e retirar os vestígios de obras naquele local, para evitar dar mais argumentos a quem eventualmente pense provocar distúrbios.
Por outro lado, a PSP vai pedir aos comerciantes de cafés e restaurantes que encerrem mais cedo os seus espaços. Também vai ser dada particular atenção à venda ambulante – bebidas vendidas em garrafas de vidro estão estritamente proibidas.
Controlo da ameaça
No ano passado estiveram no Marquês centenas de milhares de pessoas a festejar o 34.o título de campeão nacional do Benfica. Na altura, a ameaça terrorista já existia, mas com menos força.
Entretanto houve dois atentados em diferentes pontos da Europa (os mais graves, em Paris e Bruxelas). E as autoridades estão atentas a essa questão.
Até ao momento, diz fonte da PSP, “não existe qualquer ameaça sobre o evento”, mas esse é um risco que “não pode ser esquecido” e “está sempre subjacente” a eventos de grande dimensão, como o de domingo. Nesse sentido, os serviços de informação, a Polícia Judiciária e a própria PSP estão “atentas” a eventuais sinais de perigo.
Violência no futebol
Benfica-Guimarães | maio de 2015
Foi um dos casos que marcaram a vitória do Benfica no campeonato, no ano passado. Um adepto do clube foi agredido por um elemento da PSP à saída do estádio do Guimarães, frente aos filhos. As imagens serviriam para inflamar os ânimos no Marquês de Pombal.
Guimarães-Braga | fevereiro de 2013
Adeptos das duas equipas estiveram largos minutos a arremessar cadeiras do estádio. Os adeptos do Guimarães chegaram a romper as barreiras de segurança e a agredir adeptos do Braga em pleno estádio. O jogo foi interrompido aos sete minutos.
Sporting-Atlético de Madrid | março de 2010
Vários elementos da Juventude Leonina preparavam, em Alvalade, a coreografia que iam apresentar no jogo com o Atlético de Madrid quando cerca de 100 adeptos do clube espanhol agrediram os portugueses. A resposta obrigou à intervenção da PSP. Vários adeptos ficaram feridos.