No sábado foi inaugurado com pompa e circunstância o Túnel do Marão, que assegura muito maior mobilidade aos habitantes da região, contribuindo assim para a melhoria das suas condições de vida. Na verdade, todos sabem que assegurar a mobilidade numa região é essencial para o desenvolvimento da mesma e que uma região onde não se consegue circular de automóvel está condenada ao isolamento e à degradação.
Infelizmente, no entanto, é isso que vai suceder em Lisboa. A câmara municipal só pretende realizar obras absolutamente inúteis para colocar obstáculos à circulação dos lisboetas, causando a imobilidade e a paralisia na cidade. Fez isso na dupla rotunda do Marquês, está a fazer isso na Avenida Fontes Pereira de Melo e, se a deixarem, vai continuar em Sete Rios e na Segunda Circular. O dinheiro dos lisboetas, arrecadado aliás em taxas ilegais, como a taxa de proteção civil, anda a servir para financiar obras inúteis que só imobilizam Lisboa e infernizam a vida aos cidadãos.
Porque é que existe tão grande diferença entre os habitantes do Marão e de Lisboa? A resposta é simples: é que para lá do Marão mandam os que lá estão, e esses sabem bem o que querem. Já em Lisboa, os lisboetas não mandam. É por isso que têm um presidente em quem ninguém votou e que pretende executar um programa de obras que não sujeitou a votos, contra os interesses dos munícipes da cidade.
Em qualquer outra capital europeia seria impensável assistir-se ao que se está a passar em Lisboa. Resta saber até quando os lisboetas estarão dispostos a tolerar isto.
Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
Escreve à terça-feira