A Procuradoria-Geral da República admite investigar as denúncias feitas nos últimos dias pelo reitor da Universidade Lusófona, que dão conta de uma perseguição àquela universidade por parte do Ministério da Educação e Ciência na era de Nuno Crato. As revelações surgiram numa entrevista ao semanário “SOL”. Mário Moutinho falou da existência de interesses para atacar a universidade e acusou a Inspeção-Geral de Educação e Ciência de ter tido uma ação “predatória” contra a instituição. Na entrevista desafiou ainda o Ministério Público a investigar o que diz serem indícios dos crimes de tráfico de influências e prevaricação.
Ao i, o gabinete de Joana Marques Vidal assegurou que “o MP não deixará de analisar todos” estes elementos, “tendo em vista apurar se se verifica necessidade de intervenção no âmbito das suas competências”.
Início da perseguição O reitor da Lusófona garantiu que as ações contra a universidade começaram no verão de 2012 – dando o exemplo do caso Relvas – e deu a entender que tudo terá sido feito para beneficiar alguém: “Antes disso, a universidade com o número de alunos e de doutorados estava ótima e era uma referência. O estranho é que tudo isto começa nessa altura. E não podemos esquecer que a Lusófona é declaradamente a universidade privada com mais alunos.”
Sem referir em concreto quais os alegados interesses por trás do que considera ser a “ação predatória da Inspeção-Geral de Educação e Ciência”, Mário Moutinho afirmou nessa entrevista que a dimensão da Lusófona e os interesses na instituição podem “explicar tudo o que foi feito pelo MEC e pela Secretaria de Estado”.
Reitor totalmente disponível Moutinho chegou mesmo a desafiar o MP a abrir um inquérito: “Os jornalistas devem investigar isto, pelo menos enquanto a PGR não perceber, ou melhor, não considerar que é da maior relevância debruçar-se sobre os últimos quatro anos da Lusófona e do ensino superior em Portugal e procurar ver o que há e não há de tráfico de influências, prevaricação e tudo isso.”
Contactado pelo i, Mário Moutinho reafirmou tudo o que já tinha dito ao semanário, acrescentando que está “totalmente disponível para ir ao Ministério Público contar tudo o que sabe sobre este dossiê”. O reitor e professor universitário avançou mesmo que colaborará “a cem por cento para pôr fim às injustiças que foram criadas”.
Revelou propostas de aquisição Na entrevista que concedeu ao “SOL”, questionado sobre se nos últimos anos houve alguma investida de algum grupo para adquirir a universidade, Mário Moutinho não deixou margem para dúvidas: “Claro. Há propostas de aquisição, há novos atores no sistema educativo, tudo isto está em mudança.”
Adiantou ainda que, caso seja iniciada alguma investigação, “provavelmente, a PGR terá grandes surpresas”.
Sobre o desgaste atual da instituição, o reitor admitiu que casos como o de Relvas ou o dos jovens que morreram no Meco tiveram impacto na Lusófona, mas garantiu que não mudaram nada de significativo na importância que esta tem no panorama universitário.
“Mantemos a mesma posição no conjunto de universidades privadas, apesar destas dificuldades que nos foram criadas nos casos Relvas e Meco, e por essa ação predatória. Conseguimos manter tudo e sem publicidade na imprensa”, concluiu.