A Autoeuropa está a ponderar reduzir a produção para um turno diário a partir de setembro. A ideia é também passar dos atuais 460 carros produzidos por dia para cerca de 315 veículos, o que implica funcionar apenas com um turno em vez dos atuais dois. Esta decisão da fábrica de Palmela poderá levar a despedimentos em cerca de 13 empresas que fornecem a Autoeuropa e que, na sua maioria, dependem exclusivamente da construtora automóvel.
Para já, ainda não há uma decisão final, uma vez que as negociações entre a comissão de trabalhadores (CT) e a administração, que arrancaram no dia 19 de abril, ainda continuam. Até agora “não tem sido possível chegar a um acordo, continuando as negociações”, refere a CT.
O porta-voz das comissões de trabalhadores destas fábricas, Daniel Bernardino, garante que a maior parte destas empresas tem como único cliente a construtora de Palmela e que, por isso, a redução para um turno diário pode implicar a dispensa de funcionários ou a não renovação de contratos. Este impacto poderá afetar sobretudo os trabalhadores mais vulneráveis, como é o caso dos temporários e contratados a termo.
Para a fábrica de Palmela, as consequências serão, para já, quase nulas, uma vez que, de acordo com António Chora, estão assegurados todos os postos de trabalho. “A intenção da Autoeuropa é iniciar esta redução após as férias de agosto, ou seja, a partir de 3 de setembro”, revela.
Com esta alteração, as empresas presentes passam a laborar todos os dias com menos trabalhadores, mas o volume de produção de veículos anual mantém-se. A explicação é simples: ao reduzir a produção diária, a Autoeuropa não terá de recorrer a mais down days (um instrumento de flexibilização dos horários de trabalho que permite ajustar o número de veículos produzidos às necessidades do mercado).
Instabilidade A verdade é que esta instabilidade não é nova.
O fim da produção do modelo Eos na Autoeuropa, em julho passado, levou ao encerramento de uma empresa, a Webasto, e ao despedimento de 300 trabalhadores, revelou na altura ao i o responsável da comissão de trabalhadores da empresa de Palmela, António Chora. Deste total, 100 eram trabalhadores temporários da Autoeuropa que não tinham vínculo com a empresa e que foram dispensados com a redução de produção. Já os outros 200 pertencem às empresas fornecedoras que estão instaladas no parque industrial de Palmela.
Também a Inapal Plásticos, Peguform, Faurecia, Benteler, Vanpro, SAS, Acciona e Schnellecke viram-se forçadas a reduzir os seus postos de trabalhos com o fim do Eos mas, nestes casos, a maioria dos trabalhadores dispensados – cerca de 100 – eram contratados e temporários.
Para o próximo ano está previsto o fabrico de um novo modelo na Autoeuropa, mas que ainda não foi revelado. O objetivo é receber um carro da chamada nova plataforma, ou seja, pode ser produzido em Portugal ou noutro país qualquer.