Um país rico


O único mal deste delírio é que bem sabemos quem vai depois pagar a conta. Infelizmente já vimos todos este filme


O Primeiro-Ministro anunciou esta semana um Plano Nacional de Reformas, que contempla mais de 120 medidas até 2020. O tal Plano tem um custo de 33 000 milhões de euros, dos quais se espera que os fundos europeus paguem perto de metade. Teremos assim um acréscimo da despesa de mais 8000 milhões de euros por um ano o que equivale ao salvamento de dois bancos sistémicos. Isto se entretanto não surgirem mais bancos para os contribuintes salvarem…

Não por acaso, soube-se também esta semana que, com o salvamento do BANIF, o défice subiu para 4,5% e que a dívida pública já vai em 129% do PIB. Esperar-se-ia por isso que qualquer governo tivesse alguma ponderação quando anuncia aumentos de despesa. Especialmente depois de, quer a Comissão Europeia, quer o FMI já terem avisado dos riscos que o país está a correr, ao reverter as reformas do governo anterior.

Mas felizmente temos um Primeiro-Ministro que bate o pé a todos os que o avisam, garantindo que, com ele a liderar, os portugueses não aceitarão viver num país de baixos salários e de pobreza. Tem toda a razão. Portugal é um país rico. Tem ouro, petróleo e diamantes em abundância. Por isso, todas as empresas estão em condições de aumentar os salários dos seus trabalhadores e o Estado pode livremente distribuir por todos os portugueses a enorme riqueza que tem vindo a amealhar nos sucessivos excedentes orçamentais que tem tido.

O único mal deste delírio é que bem sabemos quem vai depois pagar a conta. Infelizmente já vimos todos este filme.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa

Escreve à terça-feira 


Um país rico


O único mal deste delírio é que bem sabemos quem vai depois pagar a conta. Infelizmente já vimos todos este filme


O Primeiro-Ministro anunciou esta semana um Plano Nacional de Reformas, que contempla mais de 120 medidas até 2020. O tal Plano tem um custo de 33 000 milhões de euros, dos quais se espera que os fundos europeus paguem perto de metade. Teremos assim um acréscimo da despesa de mais 8000 milhões de euros por um ano o que equivale ao salvamento de dois bancos sistémicos. Isto se entretanto não surgirem mais bancos para os contribuintes salvarem…

Não por acaso, soube-se também esta semana que, com o salvamento do BANIF, o défice subiu para 4,5% e que a dívida pública já vai em 129% do PIB. Esperar-se-ia por isso que qualquer governo tivesse alguma ponderação quando anuncia aumentos de despesa. Especialmente depois de, quer a Comissão Europeia, quer o FMI já terem avisado dos riscos que o país está a correr, ao reverter as reformas do governo anterior.

Mas felizmente temos um Primeiro-Ministro que bate o pé a todos os que o avisam, garantindo que, com ele a liderar, os portugueses não aceitarão viver num país de baixos salários e de pobreza. Tem toda a razão. Portugal é um país rico. Tem ouro, petróleo e diamantes em abundância. Por isso, todas as empresas estão em condições de aumentar os salários dos seus trabalhadores e o Estado pode livremente distribuir por todos os portugueses a enorme riqueza que tem vindo a amealhar nos sucessivos excedentes orçamentais que tem tido.

O único mal deste delírio é que bem sabemos quem vai depois pagar a conta. Infelizmente já vimos todos este filme.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa

Escreve à terça-feira