Jerónimo de Sousa dá uma longa entrevista na última edição do jornal oficial do PCP em que faz um balanço sobre a solução encontrada para governar o país. O secretário-geral dos comunistas começa por considerar que o PCP “foi um elemento determinante para encetar o caminho de uma nova solução política”, já que, na noite eleitoral, “a direita já festejava uma vitória que não teve e o PS já assumia a derrota” quando o PCP “avançou com a ideia” de que o PS “só não seria governo se não quisesse”.
Jerónimo garante que o acordo com António Costa não belisca a identidade dos comunistas. “Não estamos amarrados a qualquer submissão ou obrigação”, diz o secretário-geral dos comunistas, realçando que “em todas as reuniões de trabalho”, sempre “num quadro bilateral, o Partido Socialista assumiu o respeito por esta posição do nosso partido”.
Jerónimo sublinha que os encontros são sempre “num quadro bilateral” e rejeita um modelo em que os quatro partidos se sentassem à mesma mesa. “Muitas vezes, a comunicação social questiona porque é que os quatro partidos que permitiram a viabilidade desta solução política não se juntam. Pela nossa parte, consideramos que essa amálgama não traria mais clarificação, mas traria, sim, mais confusão. Nessas reuniões bilaterais mantemos as nossas propostas, as nossas reservas e o nosso combate ao que consideramos negativo.”
Em relação ao futuro, Jerónimo de Sousa diz apenas que “a solução encontrada será tanto mais duradoura quanto mais respostas positivas se concretizarem. Isto é que é o fundamental e decidirá da durabilidade da solução política”.
Nesta entrevista ao “Avante!”, o secretário-geral do PCP é ainda questionado sobre se “o PCP fica amarrado a algum compromisso com o governo” por ter votado a favor do Orçamento. Na resposta, Jerónimo garante que “não se tratou de um acordo de esquerda, não se tratou de um Orçamento de um governo de esquerda – ou de esquerdas, se quisermos – mas sim de um Orçamento do governo do PS”. O líder dos comunistas garante que não se ilude com o PS, porque sabe que os socialistas não se libertam desses “constrangimentos e dessas políticas e instrumentos da União Europeia”.